sexta-feira, 28 de março de 2008

O CASTELO EM PROCESSO DE METAMORFOSE

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UMA CURTA postagem para movimentar o Culturanja.

Neste momento atrás mesmo eu acessava o conteúdo do sítio do jornal gaúcho Zero Hora; foi em uma das ligações então que pude ler o blog de Vanessa Nunes, uma das colunistas, pelo que pude notar. Ela, em 16 de outubro de 2007, publicou uma foto mostrando o túmulo do grande mestre checo Franz Kafka. Confiram o que lhes digo aqui.



Kafka em 1906.


Lerão na ligação que lhes foi por mim disponibilizada acima que ela agradeceu a Kafka o espetacular corpo de sua obra - uma coisa que me prometi fazer frente ao túmulo do músico americano Jim Morrison em Paris, se tiver um dia a chance para viajar até a Cidade Luz, naturalmente - não interessa, eu divago... Se, lido o seu texto, fariam semelhante homenagem como a da autora - como eu -, não o posso adivinhar; mas aos que não o conhecem e têm curiosidade, uma mostra do Doutor Franz está aqui para ser lida, gratuitamente; e aos que lhe não são simpáticos ou coisa até pior, não é meu papel nem desejo discutir a opinião de ninguém: peço-lhes a estes desculpas pelo incômodo.


O túmulo onde o escritor Franz Kafka descansa, desde 1924, junto dos pais, em Praga.


Franz Kafka foi um homem perturbado, suas obras são o reflexo d’isso; alienação e perseguição, perseguição e alienação, partes de um caráter que sofria por não corresponder às expectativas nutridas por seu pai autoritário; entretanto são composições de uma das penas mais habilidosas do século passado, chamado por muitos estudiosos de "século
kafkiano".

Boa leitura. VALE.

quinta-feira, 6 de março de 2008

"AS COISAS QUE POSSUI ACABAM POSSUINDO VOCÊ".

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ALGUÉM, d'entre as pessoas do sexo masculino com idade entre 15 e 30 anos, solteiro (ou mesmo aquele que deixou de o ser), que teve acesso a este texto, saiu de casa alguma vez, sentou-se em um bar - ou boteco, ou boate - e viu que linda mulher estava junto de um velho, nojento e barrigudo, mas cheio da grana, que ela agarra como se estivesse beijando o próprio Brad Pitt?

Acredito que isso lhes seja familiar.

Outra questão, falando novamente àqueles que se enquadraram na definição acima: alguém, d'entre os senhores, frente à cena referida, quis ter a mesma condição financeira do idiota; a carteira cheia, o carro novo, importado, as roupas caras, os bajuladores, os olhares dos outros freqüentadores do ambiente?

A resposta de muitos terá sido sim, novamente.

Uma última indagação, curta – eu lhes prometo - agora para os jovens que pelo menos uma vez presenciaram e desejaram essa fama, dinheiro, mulheres et cetera, e, no entanto, não conseguiram ainda: os senhores que me lêem agora já sentiram uma revolta contra essa situação? - Sim?

Então não m'engano; é para os senhores que falo.

A questão de quem sempre fica com as melhores mulheres (Machado de Assis dizia que eram os homens descarados... Talvez no tempo d'ele!), é óbvio, é exemplificativo, porque se estende sobre vários outros aspectos: fazia-me ficar nervoso o fato de que meu ex-patrão deixava-me trabalhando no escritório todos os sábados enquanto pescava no Porto Figueira com os amigos ou com o Diabo que o viesse carregar; e é a mesma coisa!

Voltando ao mencionado ator norte-americano, Brad Pitt, em 1999 ele foi o protagonista de um filme intitulado Fight Club, Clube da Luta, que teve o roteiro adaptado da primeira obra publicada, em 1996, pelo autor, conterrâneo do senhor Pitt, Chuck Palahniuck.

A capa da 1ª edição de Clube da Luta nos EUA.

Segundo a Wikipédia, Clube da Luta seria parte de outro livro que Palahniuck escreveu; e que os editores rejeitaram, alegando ser muito perturbador. Com essa resposta, o autor resolveu expandir o sexto capítulo do manuscrito até o tamanho de um romance, tentando, d'essa vez deliberadamente, ser o mais perturbador possível. Ao contrário do que esperava Chuck, agora decidiram pela publicação. Era dado à luz Fight Club.

O romance traz a história de um homem de meia idade, que está descontente com a sociedade consumista e superficial à qual pertence; e resolve então, com a ajuda de seu novo amigo, Tyler Durden, assumir uma postura radical quanto a esta. Inicia-se pelo clube, o primeiro passo dos dois nessa direção. Logo vários outros homens da geração "criada pelas mulheres", como define Palahniuck, se junta aos dois. Mas esse era somente o primeiro passo de um plano muito maior, que se revela durante o livro, que, para completar, tem um desfecho imprevisível e fantástico.

O pôster do filme de 1999.

Sei bem que a versão hollywoodiana é um fenômeno da cultura popular, todos sabem também quem é o senhor Durden e qual seu plano; mas ler o livro que originou as desventuras do "Narrador" será interessante, a despeito d'isso.

Fica a sugestão! Boa leitura. VALE.



P. S.: O link para adquirir a obra, em português.



P. S. 2: E-book gratis, em português.

sábado, 1 de março de 2008

O tal rock n' roll bem feitinho, de qualidade, não importa em que cidade

A “ponte rodoviária” Umuarama-Maringá tem me deixado, com muita freqüência, por fora do circuito dos grandes shows. Isso porque quase nunca estou no lugar certo, na hora certa. A última vez que me lembro de ter visto um bom show em Umuarama, por exemplo, foi no dia 13 de outubro do ano passado (dia do meu aniversário, diga-se de passagem). A noite, que pra mim era especial, foi embalada por bandas de amigos queridos como os curitibanos do Terminal Guadalupe e os umuaramenses da Joke Box e do Nevilton.

Outra data também merece destaque na lista de bons shows que já fui, mas para isso, me permito adiantar o tempo; ou seja, pulando as datas festivas do Natal e Ano Novo, vou direto ao carnaval. E que carnaval! Não tinha nada de peitos e bundas à mostra como na Globo, não! O meu carnaval foi num Grito Rock (um festival sul-americano que esse ano chegou a Maringá, especificamente ao Tribo’s Bar, em plenos sábado e domingo de carnaval e contou com algumas das melhores bandas da cena independente).

Infelizmente, devido à crise nos horários de ônibus de Umuarama para Maringá, não pude comparecer na noite de sábado, mas o domingo prometia dentre outras bandas, ser esquentado pela loucura dos londrinenses do Dizzaster, a voz rouca de Dani Corazza à frente do Leminskes e a presença, novamente, dos meus conterrâneos da banda Nevilton que mesmo tocando apenas por 30 minutos, deram um show à parte. Tanto que se ouvia ao longe desde comentários do tipo “nossa, mas eles são bons, hein?” até a curiosidade sobre o nome da banda (que pode parecer óbvio para alguns, mas que é assunto para um próximo texto, quem sabe).

E em meio a conversas de mesa em mesa, lá se via o vocalista, o tal do Nevilton, entregando todo empolgado os CDs da banda (quase que artesanais, se assim posso definir) para quem ficasse com gostinho de quero mais. É, e pelo jeito o público havia gostado do som dos meninos, afinal, depois de duas semanas contadas nos dedos eles voltaram a Maringá (agora no Pub Fiction, um bar no outro lado da cidade).

Mais uma vez os amigos foram chegando ao Pub numa noite que, antes do show começar, parecia não ter motivado o pessoal a sair. Ledo engano. A bagunça dava seus primeiros passos quando o Engenheiros do Hawaí cover começou a tocar. As pequenas balançadinhas nas pernas mostravam que a galera já começava, aos poucos, se soltar.

o "Rock Presidencial" de "Nevilton", e a foto por Jorge Mariano!

Mais tarde subiram ao palco os três meninos que, em meio a plumas e paetês, óculos coloridos e colares hawaianos enrolados no pedestal do microfone, levantaram ainda mais o ânimo da galera que foi ao bar com diferentes intenções: uns já eram freqüentadores assíduos, outros foram para rever os colegas de Umuarama; também houve aqueles que foram para cantar em coro as músicas próprias da banda e ajudar a animar o resto do pessoal. Ah, e não se pode esquecer daqueles que, mesmo não gostando de bandas de rock com som autoral (principalmente com letras em português), foram por alguma razão desconhecida. E esses se surpreenderam, porque entre “delicadezas”, “ballets”, “doces de jabuticaba”, e até uma música que tecnicamente não existe (porque nunca foi gravada, mas acreditem: eu ouvi e a letra à la VI Geração da Família Palim do Norte da Turquia só diz “dançando com a Cláudia Raia”), os saltitantes e inquietos meninos mandaram desde covers de Nirvana e Silverchair até uma homenagem à banda curitibana Poléxia. Foi show pra ninguém botar defeito! Digno de enfrentar demoradas viagens de ônibus. No final sempre vale a pena ver o tal do rock’n’roll bem feitinho e com qualidade, não importa em que cidade.