sexta-feira, 18 de abril de 2008

Kid Abelha : Meio Desligado [1994]

Bruno Fortunato, George Israel e Paula Toller, o Kid Abelha.

“Kid Abelha, Lobão?!” Muitos me recriminarão, mas o álbum é bom sim e merece ser citado.

A idéia deste álbum surgiu de um set de versões acústicas das músicas do primeiro disco do Kid Abelha, que a banda tocava nos Bis dos shows normais. Gostaram da idéia e começaram a acrescentar ao Bis outras canções que combinassem com esse formato. Registradas ao vivo, em shows realizados entre março e julho de 1994, nas cidades Curitiba, Belo Horizonte, Crisciúma, Concórdia, Venâncio Aires e Santa Bárbara. Depois acrescentaram alguns instrumentos e arranjos a mais em seu home-studio, o Som de Neguin’ (ou em casa, como eles dizem).

O resultado final é surpreendente: nitidez e uniformidade nos sons dos instrumentos captados ao vivo e nos acrescentados posteriormente, o que possibilitou arranjos singelos, porém ricos e belos. O toque especial na sonoridade fica com a participação do público e o ambiente de show - preservados da captação ao vivo - o que cria a impressão de um show acústico completo e esquenta o disco feito um abraço carinhoso.

Esse álbum vendeu 500 mil copias, ganhando disco de ouro, de platina e o primeiro disco duplo de platina da banda. É infinitamente melhor do que o Acústico MTV, lançado em 2002, pelo menos no tocante a identidade sonora e arranjos. Acredito que num álbum acústico a banda deve aproveitar a chance e ousar, o que definitivamente não acontece no da MTV e o que, pra nossa alegria, acontece no “Meio Desligado”. Mas, infelizmente, por ser resultado de diversos registros de áudio ao vivo e overdubs em estúdio, não foi possível preparar uma versão em vídeo deste álbum, que se existisse seria uma beleza.

Meio desligados, mas totalmente antenados” é como a banda se descreve no encarte do CD (que foi o último trabalho deles lançado também em vinil). Concordo plenamente. Se formos olhar o histórico de acústicos, o do Nirvana, divisor de águas do formato, tinha sido lançado em dezembro de 1993. O grande boom do estilo no Brasil só ocorreu após o lançamento do Acústico MTV dos Titãs, em 1997 (três anos de diferença). Ou seja, ponto para o antenado Kid Abelha, que produziu seu acústico de forma independente, mostrando coragem e criatividade no período negro do rock nacional que foram os anos 90.

Meio Desligado é um álbum pra se ouvir por inteiro, tendo como ponto alto as versões de Como Eu Quero (infinitamente superior à do Acústico MTV, com participação de Ritchie), o ciúme delicado de Seu Espião, as felizes Eu Tive Um Sonho e No Meio da Rua, as tristonhas e belas Nada Por Mim e Grand’ Hotel (esta com arranjos de cordas de Wagner Tiso) e a envolvente versão pra Solidão Que Nada, do saudoso Cazuza. O álbum conta também com versões de Cristina de Carlos Imperial e Tim Maia e Canário do Reino de Carvalho e Zapatta, do cancioneiro popular (esta com participação de Lulu Santos). Violões de 12 cordas, Acordeon, Cítara (pelo Mutante Sérgio Dias na faixa de abertura Deus), cordas, naipe de metais e outros instrumentos diferentes, somados com participações bastante especiais, letras singelas, belos arranjos e um clima aconchegante fazem deste álbum algo a ser apreciado sem moderação.



01. Deus (Apareça Na Televisão)
02. Alice
03. Gosto De Ser Cruel
04. Como Eu Quero
05. Por Que Não Eu
06. Seu Espião
07. Eu Tive Um Sonho
08. O Beijo
09. Cristina
10. No Meio Da Rua
11. Nada Por Mim
12. Grand' Hotel (Introdução)
13. Grand' Hotel
14. Solidão Que Nada
15. Canário Do Reino

4 comentários:

Nevilton disse...

muito bom, Lobão!!! já estou baixando pra conferir!!! boto muita fé que tantos elogios não estão ai por acaso!!!

Letícia Simoni Junqueira disse...

eu sou suspeita pra dizer que gosto desse cd, hahahahahahaha!
mandou bem.
beijo!

Ane Pacola disse...

Nossa, deu até vontade de ouvir o disco todo. Apesar de já ter visto um show deles, o qual não gostei muito pela falta de empolgação de dona Paula (quem sabe estivesse num dia ruim), daria tudo para ouvir essas canções num bis de um show. Ainda mais se tivesse a participação do Sérgio Dias, fanalando nisso, daqui a pouco tem Mutantes.

JULIANO CARVALHO disse...

esse disco é maravilhoso, uma pérola do rock nacional. Dificilmente encontramos álbuns que são ótimos para se escutar bem baixinho ou ótimos para se escutar bem alto.