quarta-feira, 3 de junho de 2009

Alegria, Alegria!



A música brasileira dos anos 60 e 70 foi muito rica e diversos grandes astros surgiram nessa fértil época da arte nacional. Alguns brilham até hoje, outros caíram no esquecimento por motivos naturais e outros foram riscados do mapa por interesses escusos. Nesse último grupo está Wilson Simonal, artista de talento inquestionável que, com uma afinadíssima e inconfundível voz e canções cheias de swing, galgou degrau por degrau de uma carreira de sucesso jamais vista no Brasil daquela época, ainda mais por ser um negro. Só o Pelé tinha conseguido o mesmo.

Durante o final dos anos 60 ele já tinha o seu programa de TV, que se chamava TV Show em Si...monal. Se revelou um showman de primeira categoria e com seu carisma irresistível, fez grande sucesso com as músicas País Tropical (de Jorge Ben); Mamãe Passou Açúcar em Mim; Meu Limão, Meu Limoeiro e Sá Marina. O céu já não era mais limite para Simonal, ele estava além, sua popularidade só era superada (por poucos pontos) por Roberto Carlos. Chegou a dividir o palco com a diva do jazz Sarah Vaughan, mas não previa um duro golpe do qual jamais se recuperaria.

Ao suspeitar que estava sendo roubado por seu contador, pediu para que lhe dessem uma surra. A história poderia ter parado por aí, mas acontece que a surra foi dada por dois agentes do DOPS (Departamento de Ordem Política e Social), serviço público Federal cuja especialidade era torturar adversários da ditadura militar - e falsos adversários também. Simonal, na ingenuidade, confirmou que tinha esses contatos no DOPS e deu a arma que o mataria na mão de seus inimigos. O contador, junto com amigos influentes dos meios de comunicação, espalhou que ele era um dedo-duro e que estava delatando os artistas para o governo militar. E esse foi o golpe de misericórdia na carreira de Simonal.


Mesmo sem prova alguma desse contato com os órgãos de repressão, ele foi relegado ao ostracismo e marginalidade, perdeu fama, status e dinheiro. Já não conseguia fazer shows nem vender discos. E foi assim até o fim de sua vida, no ano de 2000. Infelizmente o reconhecimento oficial de sua inocência veio tarde, quando seu nome foi reabilitado publicamente pela Comissão Nacional de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil em 2003, após grande esforço da família.

A boa notícia para os fãs é que depois de muitos “"não quero me meter nisso", "para que mexer nessa história?", Cláudio Manoel (Casseta & Planeta), Micael Langer e Calvito Leal conseguiram terminar o documentário Wilson Simonal : Ninguém Sabe o Duro Que Dei, que estreou nos cinemas brasileiros neste mês de Maio. Com imagens de arquivo, entrevistas com artistas do gabarito de Chico Anysio, Nelson Mota, Ziraldo; de amigos e familiares, como seus filhos (também cantores) Max de Castro e Simoninha, a vida e a carreira do verdadeiro Rei do Swing, um dos fundadores e difusor da Pilantragem (o Samba-Jovem), é trazida à tona e colocada de novo no panteão dos grandes nomes da música nacional.

A inegável importância da arte de Wilson Simonal na história da música nacional pode ser sentida na pele e nos timpanos neste documentário. Também poderemos esperar uma caixa comemorativa, com vários cd’s do artista a ser lançada em breve. É uma chance sem igual de revelar e entregar os aplausos guardados por tantas gerações a esse grande artista. Inclusive, aguardo ansioso a exibição desse documentário aqui em Umuarama.


Vídeo Promocional do Filme


Para saber mais é só acessar o site oficial.


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