domingo, 22 de fevereiro de 2009

Hoje tem brigadeiro na casa do Schopenhauer!

Por Lisiê Ferré Lotti



Há exatamente 221 anos, no dia 22 de fevereiro de 1788, nascia o filósofo alemão Arthur Schopenhauer, em Danzig na Prússia (Gdansk, na atual Polônia). É claro que depois de 2 séculos ninguém lembraria de seu nome se ele não tivesse sido imortalizado como um dos principais filósofos do século XIX.

Disseminador das idéias do pensamento irracionalista, influenciou grandes nomes como Nietszche, Freud, Jung, Albert Einsten e outros. Introduziu o budismo e idéias hinduístas na metafísica alemã.

Conhecido pelo seu pessimismo, Schopenhauer foi um ser pouco sociável, alegava preferir a companhia de cães à humanos, e nunca se casou. “A solidão é a sorte de todos os espíritos excepcionais”, dizia.

Em sua Magnum Opus ( do latim, Grande Obra), cuja primeira edição foi publicada em 1819, “O mundo como vontade e como representação” , Schopenhauer enfatiza suas idéias a respeito de como somos movidos por nossas vontades e como nossa visão , ou “representação” de mundo, não passa de um reflexo do que realmente somos. Ao que ele chama de nossa Vontade, atribuiu o valor de força fundamental da natureza, e base da conduta humana, onde os nossos desejos físicos, espirituais e sexuais jamais são satisfeitos. Sendo, portanto, considerada a fonte de todos os nossos sofrimentos.

"A felicidade não passa de um sonho, e a dor é real... Há oitenta anos que o sinto. Quanto a isso, não posso fazer outra coisa senão me resignar, e dizer que as moscas nasceram para serem comidas pelas aranhas e os homens para serem devorados pelo pesar."

Schopenhauer considera o viver como um eterno ir e vir entre a dor e o tédio, pois quando nossa vontade é saciada, nos causa tédio, e logo depois a vontade volta ao seu posto de falta. Uma das formas apontadas por ele, para se afastar da Vontade, foi a Arte, pois esta permite que os homens olhem a vida de fora, e contemplem o mundo sem serem afetados pelas paixões individuais; Assim ficaríamos livres do sofrimento.. pelo menos por um instante.

Para o filósofo o reconhecimento veio somente nos seus últimos anos de vida, quando publicou em 1851, a obra “Parerga e Paralipomena”, que é um enorme tratado filosófico sobre vários assuntos. Sua fama era tão grande nesse período que chegou a ser publicada num jornal local a notícia de um ferimento que ele havia feito na testa.

Com toda amargura e solidão, Schopenhauer nos deixou sua genialidade impressa em suas obras, ao alcance dos que estiverem dispostos a penetrar nessa visão excêntrica sobre os mais variados temas da existência humana. Morreu no dia 21 de setembro de 1860, em Frankfurt, aos 72 anos de idade.

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Morrissey - Years of Refusal [2009]

Ebaaaaa!!!


Hoje é um dia feliz para os fãs de Steven Patrick Morrissey, que após três anos lançou mundialmente mais um sempre esperado álbum novo. É claro que durante esse período ele não esteve sumido, houveram shows, houveram singles e tudo culminou no discão Years of Refusal, onde o rapaz acertou a mão. Canções bem feitinhas (como tem sido a regra dos últimos 3 discos), bem tocadas, bem gravadas (os timbres dos instrumentos estão uma delícia), as letras continuam sarcásticas (como manda o figurino do humor britânico), e a grande diferença para os outros álbuns é que este aqui tem muito mais dos bons rocks rápidos e sem frescuras do que baladas choronas.

É com um “Eu to muito bem” que Moz entra em cena, na primeira canção do disco, que se chama Something is Squeezing My Skull. Ele canta o incômodo que é esse mundão de hoje, a falta de atitudes sinceras, a falta de amor e amizades de verdade que deixam as pessoas tão perdidas, derrotadas e apáticas, que só apelando pra ajuda de remédio tarja preta se consegue sobrevier. E é com um “Não me dê mais disso, você jurou que não me daria mais!!!” agoniado que Morrissey, devidamente acompanhado pela banda numa pegada de gente grande, encerra a canção. E é nessa tônica de “sacode a poeira, dá a volta por cima” que o disco se desenvolve.


"Algo espremendo meu crânio"


Mama, Lay Softly On The Riverbed e Black Cloud, faixas 02 e 03 respectivamente, Morrissey continua cantando os dramas do mundo e os amores impossíveis ou inviáveis, porém sempre com um visão um tanto mais ácida do que o convencional. Com atenção especial ao refrão “pegajoso” da faixa 02.

Agora chegamos ao ponto alto do disco: I'm Throwing My Arms Around Paris (faixa 04) e All You Need Is Me (faixa 05) são canções perfeitas. Ambas bem construídas com letra e música bem caprichadas, desenbocando em refrões super vivos como: “I’m throwing my arms around / around Paris because / only stone and steel accept my love” e “You don't like me but you love me / Either way you're wrong / You're gonna miss me when I'm gone”. Irretocáveis.




"Abraçando Paris...bateristas voadores e guitarristas com clarineta. Diversidade"



Ahá! A comentada foto do encarte do single de "I'm Throwing my arms..." Depositem suas piadas nos 'comentários' deste post.


Depois de cantar junto durante duas faixas inteiras, damos uma respiradinha na quase estraga prazeres, à la mariachi, When I Last Spoke to Carol (faixa 06), que mal se acaba e já é retrucada por um som de filme de terror, que anuncia outra grande canção deste disco: That’s How People Grow Up (Faixa 07). E, como sempre, a filosofia morriseyniana vem à tona a todo vapor: É hora de parar de gastar a vida com bobagens, é hora de tomar providências, afinal, cara no muro, desiluzões de todos os gêneros e acidentes acontecem mas é assim que as pessoas crescem.

Falar sobre a fragilidade dos romances em One Day Goodbye Will Be Farewell (faixa 08), que é um outro quase erro com pitadas mariachi, Moz anuncia as próximas duas faixas, as únicas duas baladas do disco. It's Not Your Birthday Anymore (faixa 09) começa bem tranqüila, com direito a bateria eletrônica de leve, mas cresce num refrão grandioso, com muita guitarra e um Morrissey agitando o topete nas alturas com os vocais (It's not your birthday anymore / There's no need to be kind to you / And the will to see you smile and belong has now gone). Um refrão pode comover aqueles corações que estão seguindo para o adeus.

You Were Good in Your Time (faixa 10) é uma baladona completa, vocal cheio de reverb, bateria no chão, instrumental rico (violinos, violões de nylon), dando aquele ar “Roberto Carlos finais de 70” ou ainda os festivais “Eurovision” da mesma época. Essa canção ainda tem uma sonorização de fundo que me faz imaginar alguém dentro de um táxi, num dia chuvoso, indo pro aeroporto ou voltando de um velório (obviamente melancólico). A parte boa é que depois que a música termina o som “do táxi” continua um bom tempo e se esvai nuns ruídos pinkfloydianos... coisa fina!


Agora com roupas!

Saindo das baladas chorosas, Morrissey e sua trupe recuperam o fôlego e encerram o disco com mais dois bons exemplares de rocks rápidos e rasteiros. O puxão de orelha sem dó em “Sorry Doesn’t Help Us” (faixa 11) é muito bem interpretado pela banda e abre caminho para a canção de despedida “I’m OK By Myself” (estou bem sozinho, em português), que fecha o disco com a mesma mensagem e quase a mesma energia da primeira faixa.

Morrissey insiste em nos dizer que está muito de bem com a vida e, pelo jeito, exorcizou muitos fantasmas nesses três anos de negações e provações da construção deste disco. Ótimo para ele, melhor para os fãs que tem um disco cheio de bom gosto, com um vocalista que sabe onde quer chegar e uma banda extremamente capaz de acompanha-lo. Um álbum que se consegue ouvir por inteiro (várias vezes), coisa que, inclusive, nunca foi uma regra em sua carreira.


Ps: Clipe Bônus, All You Need Is Me (altamente recomendado)
Site Oficial do 'gajo'.

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Sinta-se no Hawaii com Santo & Johnny


Aloha!!!

A música instrumental sempre provoca uma sensação de estranhamento aos menos acostumados. Entretanto são inigualáveis trilhas sonora para vários momentos, do almoço dominical em família a um (no caso de Santo & Johnny) churrascão tropical na beira da piscina, com muita fartura, caipirinha e outros drinks frutados. É claro, que as baladas românticas desses meninos também não podem faltar na ambientação de qualquer noite enluarada e bem acompanhada (ou solitária, tanto faz).

Os irmãos Santo e Johnny Farina, começaram a estudar música a pedido de seu pai, que servia o exercito na II Guerra Mundial quando ouviu uma música tocada numa Steel Guitar, também conhecida como Guitarra Havaiana. Escreveu o Farina pai, numa carta à sua esposa, que gostaria que os meninos aprendessem a tocar esse "maravilhoso instrumento".

Dito e feito, Johnny Farina primeiro adaptou uma guitarra convencional para aprender e, depois fazer suas primeiras apresentações. Com o dinheiro ganho comprou sua primeira Steel Guitar de verdade, com 3 braços de oito cordas cada. Com esse instrumento e agora acompanhado de seu irmão Santo na guitarra convencional, os irmãos empreenderam experimentações com afinações diversas e timbres variados.

Num amável estéreo fica melhor ainda!

As canções da dupla são instrumentais e com um clima Havaiano devido ao uso da Steel Guitar, com seu som incrivelmente característico, o que torna o som dos garotos inconfundível. O grande sucesso dos Farinas foi Sleepwalk, que em Agosto de 1959 alcançou o primeiro lugar das paradas Norte-Americanas e figurou em diversos filmes (La Bamba, Sonâmbulos), comerciais e trilhas sonoras variadas. Inclusive, esta canção foi tão famosa que é a única da dupla que possui uma letra, pois vários artistas como The Shadows, The Ventures, Jake Shimabukuro, Deftones, Chet Atkins, Joe Satriani, Betsy Brye, Modest Mouse, My Morning Jacket e outros tantos, a regravaram em versões instrumentais ou cantadas.

Os CD’s de Santo & Johnny giravam entre composições próprias e versões para clássicos da música em geral. Versões imperdíveis de músicas como She’s a Rainbow dos Rolling Stones, And I Love Her dos Beatles ou até mesmo a fabulosa Moonlight Serenade de Glenn Miller.

Hoje apenas Johnny Farina continua com sua Steel Guitar “chorando” pelo mundo. Ele mora na Itália e esporadicamente lança discos. Tem até Site Oficial e MySpace.

Então, se estiver afim de ouvir coisas diferentes e se surpreender com uma nova estética, ou simplesmente ouvir um som bem agradável e leve, Santo & Johnny é uma boa pedida.


Aqui estão os irmãos Farina ao vivo, em 1959, com seu maior sucesso Sleepwalk.
Você vai lembrar dessa!




Teardrop, coisa fina!