segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Morrissey - Years of Refusal [2009]

Ebaaaaa!!!


Hoje é um dia feliz para os fãs de Steven Patrick Morrissey, que após três anos lançou mundialmente mais um sempre esperado álbum novo. É claro que durante esse período ele não esteve sumido, houveram shows, houveram singles e tudo culminou no discão Years of Refusal, onde o rapaz acertou a mão. Canções bem feitinhas (como tem sido a regra dos últimos 3 discos), bem tocadas, bem gravadas (os timbres dos instrumentos estão uma delícia), as letras continuam sarcásticas (como manda o figurino do humor britânico), e a grande diferença para os outros álbuns é que este aqui tem muito mais dos bons rocks rápidos e sem frescuras do que baladas choronas.

É com um “Eu to muito bem” que Moz entra em cena, na primeira canção do disco, que se chama Something is Squeezing My Skull. Ele canta o incômodo que é esse mundão de hoje, a falta de atitudes sinceras, a falta de amor e amizades de verdade que deixam as pessoas tão perdidas, derrotadas e apáticas, que só apelando pra ajuda de remédio tarja preta se consegue sobrevier. E é com um “Não me dê mais disso, você jurou que não me daria mais!!!” agoniado que Morrissey, devidamente acompanhado pela banda numa pegada de gente grande, encerra a canção. E é nessa tônica de “sacode a poeira, dá a volta por cima” que o disco se desenvolve.


"Algo espremendo meu crânio"


Mama, Lay Softly On The Riverbed e Black Cloud, faixas 02 e 03 respectivamente, Morrissey continua cantando os dramas do mundo e os amores impossíveis ou inviáveis, porém sempre com um visão um tanto mais ácida do que o convencional. Com atenção especial ao refrão “pegajoso” da faixa 02.

Agora chegamos ao ponto alto do disco: I'm Throwing My Arms Around Paris (faixa 04) e All You Need Is Me (faixa 05) são canções perfeitas. Ambas bem construídas com letra e música bem caprichadas, desenbocando em refrões super vivos como: “I’m throwing my arms around / around Paris because / only stone and steel accept my love” e “You don't like me but you love me / Either way you're wrong / You're gonna miss me when I'm gone”. Irretocáveis.




"Abraçando Paris...bateristas voadores e guitarristas com clarineta. Diversidade"



Ahá! A comentada foto do encarte do single de "I'm Throwing my arms..." Depositem suas piadas nos 'comentários' deste post.


Depois de cantar junto durante duas faixas inteiras, damos uma respiradinha na quase estraga prazeres, à la mariachi, When I Last Spoke to Carol (faixa 06), que mal se acaba e já é retrucada por um som de filme de terror, que anuncia outra grande canção deste disco: That’s How People Grow Up (Faixa 07). E, como sempre, a filosofia morriseyniana vem à tona a todo vapor: É hora de parar de gastar a vida com bobagens, é hora de tomar providências, afinal, cara no muro, desiluzões de todos os gêneros e acidentes acontecem mas é assim que as pessoas crescem.

Falar sobre a fragilidade dos romances em One Day Goodbye Will Be Farewell (faixa 08), que é um outro quase erro com pitadas mariachi, Moz anuncia as próximas duas faixas, as únicas duas baladas do disco. It's Not Your Birthday Anymore (faixa 09) começa bem tranqüila, com direito a bateria eletrônica de leve, mas cresce num refrão grandioso, com muita guitarra e um Morrissey agitando o topete nas alturas com os vocais (It's not your birthday anymore / There's no need to be kind to you / And the will to see you smile and belong has now gone). Um refrão pode comover aqueles corações que estão seguindo para o adeus.

You Were Good in Your Time (faixa 10) é uma baladona completa, vocal cheio de reverb, bateria no chão, instrumental rico (violinos, violões de nylon), dando aquele ar “Roberto Carlos finais de 70” ou ainda os festivais “Eurovision” da mesma época. Essa canção ainda tem uma sonorização de fundo que me faz imaginar alguém dentro de um táxi, num dia chuvoso, indo pro aeroporto ou voltando de um velório (obviamente melancólico). A parte boa é que depois que a música termina o som “do táxi” continua um bom tempo e se esvai nuns ruídos pinkfloydianos... coisa fina!


Agora com roupas!

Saindo das baladas chorosas, Morrissey e sua trupe recuperam o fôlego e encerram o disco com mais dois bons exemplares de rocks rápidos e rasteiros. O puxão de orelha sem dó em “Sorry Doesn’t Help Us” (faixa 11) é muito bem interpretado pela banda e abre caminho para a canção de despedida “I’m OK By Myself” (estou bem sozinho, em português), que fecha o disco com a mesma mensagem e quase a mesma energia da primeira faixa.

Morrissey insiste em nos dizer que está muito de bem com a vida e, pelo jeito, exorcizou muitos fantasmas nesses três anos de negações e provações da construção deste disco. Ótimo para ele, melhor para os fãs que tem um disco cheio de bom gosto, com um vocalista que sabe onde quer chegar e uma banda extremamente capaz de acompanha-lo. Um álbum que se consegue ouvir por inteiro (várias vezes), coisa que, inclusive, nunca foi uma regra em sua carreira.


Ps: Clipe Bônus, All You Need Is Me (altamente recomendado)
Site Oficial do 'gajo'.

2 comentários:

CLARA disse...

Sacanagem... Tive que fazer uma conta no Google!! Boa crítica, Lobão. Talvez tenha pegado muito pesado nas "baladas", que eu gosto tanto... Tudo bem. Faça um comentário sobre o último do Guns, mas não meta a boca!! Abraços.

Tiago Lobão disse...

As baladas são lindas...eu sou um baladeiro de plantão inclusive. E baladas boas são as dos anos 70, lembra do Bread? do Foreigner? ;)
Anotei essa idéia do Guns... já to atrás do menino.
Valeu pela visita e pelo comentário.
Volte sempre!