sexta-feira, 25 de janeiro de 2008

The Flaming Lips : The Soft Bulletin [1999]

Steven Drozd, Wayne Coyne e Michael Ivins.
Juntos eles são os Lábios Flamejantes!


Medo e superação, este é o tema central de “The Soft Bulletin”, um álbum com mensagens densas e sonoridade rica, porém leve e aconchegante. Essa grande experiência sonora foi lançada em 1.999 pelo Flamig Lips.

A banda iniciou suas atividades na cidade norte-americana de Oklahoma em 1983. Gravou diversos discos, participou de trilhas sonoras de filmes como Batman Forever, Austin Powers, Como Se Fosse a Primeira Vez e Spider-Man 3. Hoje, formada por Wayne Coyne (vocais, guitarra, teclados e theremin), Michael Ivins (baixo, guitarra, teclado e vocais) e Steven Drozd (guitarra, bateria, percussão, teclados e vocais) conta, nas apresentações ao vivo, com a ajuda de Kliph Scurlock na bateria e percussão. Por serem uma banda de multi-instrumentistas, a grande diversão do Flamming Lips é pilotar o estúdio, criando discos ousados, com uma sonoridade que se renova a cada álbum, muitas vezes ousados, como o “Zaireeka” de 1997, que consistia em quatro CD’s a serem tocados simultaneamente.

Após a aparentemente insuperável loucura do “Zaireeka”, Wayne Coyne, o frontman e principal compositor da banda, durante uma caminhada no silêncio da noite, resolve criar um álbum mais palatável, porém, sem perder a identitade sonora e psicológicamente complexa tão característica dos Flaming Lips. Nasce então esse “Dark Side of The Moon” dos anos 90.

Todo o álbum gira em torno de experimentações sonoras, a marca registrada da banda, porém, no “The Soft Bulletin” elas estão mais contidas, pois a idéia agora é a de como fazer o sentimento da canção atingir o ouvinte sem que a mensagem se perca dentro da profusão de sons, muitas vezes caóticos. E conseguiram, com belas canções aliadas ao ótimo trabalho de produção e timbragem dos instrumentos, fizeram deste álbum um marco na carreira dos “Lips”.

Capa do Soft Bulletin.
Faça o Download do álbum.

The Race For The Prize”, a magnífica faixa de abertura, conta a história de dois cientistas bastante dedicados ao trabalho de encontrar a cura para uma doença, podendo assim salvar o mundo. Mas até que ponto vale tanto esforço? Será que conseguirão manter seus afazeres da vida cotidiana enfrentando tamanha pressão e expectativas, correndo até mesmo risco de vida? Afinal de contas, como diz a canção, “eles são apenas humanos, com esposa e filhos”.

Nas demais faixas do álbum, os temas variam de epopéias científicas (A Spoonful Wheighs A Ton); auto-conhecimento (A Spark That Bleed) a como sua vida influencia a de outras pessoas (The Spiderbite Song). As reações humanas ao amor (Buggin’) chegam a questionar a hipótese – obviamente não comprovada – de que a reação química cerebral que nos permite apaixonar é a mesma que ocasionou o Big Bang (What’s the light).

A rapidez na qual o tempo passa e transforma o presente em passado, a maravilha de observar a vida, tão volátil, e entender suas sutilezas (Suddenly Everything Has Changed). Seria a luta pela sanidade a batalha de nossas vidas? (The Gash). E, por fim, o medo, a fuga e a necessidade da morte e do amor, porém vestidos numa atmosfera tranqüila, colorida, possivelmente o que seria ao atingimos a plenitude na vida e começarmos a rumar para o inevitável fim (Feeling Yourself Disintegrate).

A oitava faixa, “Waiting’ for the Superman (Is it gettin’ heavy???)”, merece destaque. É a melhor mensagem de “agüente as pontas” que eu já ouvi. O timbre suave, porém encorpado da bateria, que já impressiona durante todo o álbum, ganha um bumbo profundo, que vibra surdo como um coração. Aliando essa bateria com um vocal melancólico, com um arranjo de cordas flutuante, com um piano triste e alguns sinos, cria-se o ambiente perfeito para o apelo do refrão:

“Tell everybody waitin' for Superman
.That they should try to hold on the best they can
.He hasn't dropped them, forgot them, or anything
.It's just too heavy for Superman to lift.”

Portanto, cada pessoa que cuide de si da melhor forma possível, pois o “Superman”, que sempre nos tira dos apuros, está um tanto ocupado. Vamos dar uma força ao moço?

Depois de tantos estímulos "Sleeping On The Roof" (12ª faixa), apenas instrumental, é o momento de reflexão que pede o álbum. Os ruídos noturnos e a música que os acompanha, remetem à idéia do título: observar a noite, do telhado de casa, sozinho com seus fantasmas e conclusões. Se você conseguir passar por este momento e manter sua sanidade intacta, terá se tornado uma pessoa melhor.

Tudo é cíclico na vida, a jornada do auto-conhecimento é eterna. As duas últimas faixas deste trabalho são remixes de “The Race For The Price” e “Waitin’ for a Superman”. Que tal, após terminar a jornada, olhar o mesmo mundo com outros olhos? E, quem sabe, recomeçar essa "corrida pelo prêmio", esse contínuo e valioso exercício de evoluir.

Aproveitem o embalo e vejam o belo clipe de “Waintin’ for a Superman”.

Divirtam-se!

Para saber mais:
Site Oficial da banda ou Wikipedia: Em Inglês ou Português
Sobre Dark Side of The Moon em Inglês, bem mais completo do que o em Português)

3 comentários:

Paraná disse...

Bom, mto bom!

Unknown disse...

"ô Coisinha tão bunitinha du pai..."

Unknown disse...

Seria capaz de ouvir o álbum 500 vezes, sem cansar.
E se fosse pra escolher a melhor do álbum, meu voto seria a "Waitin' for a Superman"... que eu achei tudo e um pouco mais do que o Tiago disse.

Adorei o blog... Culturanja, coisa lind'Deus... hehe

eh quase um blog de "informações com gelo e açúcar". Parabéns e Obrigada!!!