Olá, voltamos após uma semana de "folga". Posso dizer que o texto abaixo é um texto necessário. Foi feito com muito carinho, pelo grande amigo "Maranhão". Muitos o lerão e só. Mas muitos o lerão e sentirão uma necessidade de agir, reverenciarão princípios que hoje são, muitas vezes, tratados com desdém e refletirão sobre a evolução da eterna necessidade de Paz e Amor. A escolha é sua.
José Carlos Gonçalves, conhecido mundialmente como Maranhão é um grande amigo e guru. Foi bancário, professor e agora e sempre é escritor de Umuarama. Já teve seus trabalhos (poesia e prosa) publicados em vários periódicos, coletâneas e antologias. É, com certeza, um cara a se ler. Ah! e é também alguém a se encontrar num churrasquinho, molhar a goela e por-se a filosofar junto. Imperdível.
Aproveitem a leitura.
José Carlos Gonçalves, conhecido mundialmente como Maranhão é um grande amigo e guru. Foi bancário, professor e agora e sempre é escritor de Umuarama. Já teve seus trabalhos (poesia e prosa) publicados em vários periódicos, coletâneas e antologias. É, com certeza, um cara a se ler. Ah! e é também alguém a se encontrar num churrasquinho, molhar a goela e por-se a filosofar junto. Imperdível.
Aproveitem a leitura.
Arte, Cultura e Sociedade - O (En) Fim De Um Sonho
Por José Carlos 'Maranhão'
A maioria dos discursos, tanto nos Fóruns Sociais, mundo afora, como nas mais diversas esferas ecológicas, políticas, econômicas, eclesiásticas e “hortifruti” em geral, fala da necessidade de uma “nova ordem” em fortes bases democráticas.
Parece-nos que está nascendo uma nova era de utopia, que clama por liberdade ampla, tanto para as ações como para as idéias. Todo esse debate nos transporta ao final da década de 60, quando a palavra de ordem foi uma só: AMOR.
Talvez aquele período tenha sido cicatrizado com as mortes de nomes tão fundamentais da música como Jimi Hendrix, Janis Joplin, Jim Morrison (Doors), Brian Jones (ex-Stones), ou, talvez, tenha sido o tempo que não morreu e nunca morrerá, tempo esse em que a utopia alcançou o seu ápice.
Muitos o viveram do lado de dentro, acordados durante o sonho da nação Woodstock, e de outros festivais. Naquele momento, “Paz e Amor” não foi apenas uma frase, pois a sua importância foi tão grande, a criatividade girou em órbita tão alta, que vale a pena levantar a cortina e relembrar o que poucos sabem a respeito do movimento “hippie”, que a música imortalizou para sempre, criando um mundo de idéias e uma nova ideologia:
Foi um fenômeno único na História. Nunca a música teve tanta importância, figurando no centro de profundas mudanças no indivíduo e na sociedade. Pela primeira vez o mundo experimentou uma revolução que não seguiu o caminho político, nem militar. Foi uma espécie de guerrilha cultural, de um movimento espontâneo e insinuante que, apossando-se dos meios de comunicação ou criando canais alternativos, conquistou simpatizantes por toda parte e ameaçou colocar a Utopia no poder. Foi como um sonho de verão e durou pouco, mas ao se deixar devorar pelo Sistema, essa contracultura injetou nele – Sistema – para sempre uma gama de novos valores, e as coisas nunca mais foram como antes.
Hoje é difícil imaginar e entender o “poder jovem” e os “hippies” sem associá-los ao “Rock”, o som que cadenciou aqueles anos de luta contra o Sistema e de procura do Prazer Absoluto.
A crônica dos Anos de Utopia começou no fim de semana de 16-18 de junho de 1967, no Monterey Pop Festival, inspirado nos festivais de “jazz” e “folk”. Eram esperados 7.100 expectadores, mas acabou aparecendo mais de 50 mil, a maioria sem ingresso.
Esse contingente pensava que o importante era estar lá, fiel ao “slogan” do festival: MÚSICA, AMOR E FLORES. Próxima de San Francisco, na costa da Califórnia, Monterey atraiu não só as hordas de “hippies” sanfranciscanas, mas também seus melhores grupos de rock. Nele desfilaram, por exemplo, The Who, Eric Burdon & The Animals, Jeff Airplane, The Mamas and Papas, Canned Heat, Country Joe and Fish; mostrou também o nascimento instantâneo de duas estrelas do rock: Janis Joplin e Jimi Hendrix, hoje mitos.
Desde janeiro daquele ano estavam acontecendo, em San Francisco, os preparativos para o tão anunciado “Verão do Amor”. Os “hippies” da cidade deram uma demonstração de força ao convocarem uma “Reunião de Todas as Tribos” no Golden Gate Park para o chamado World’s First Human Be-In, onde mais de vinte mil “ciganos brancos”, cantando, dançando, cobertos de flores, de colares e pulseiras de contas, profetizaram que cem mil flower children invadiriam a cidade em junho para o verão do amor.
Uma canção de Scott McKenzie, intitulada San Francisco, propagava o verão do amor e pedia a todos que não se esquecessem de colocar flores nos cabelos; um verdadeiro manifesto “hippie” que dizia All across the nation/ Such a strange vibration/ People in motion/ There’s a whole generation/ With a new explanation... ou seja, Através de toda a nação/ Há uma estranha vibração/ Todo um povo em ação/ Há uma nova geração/ com uma nova explicação...
Jornais da época diziam que havia um “proletariado freudiano” à solta; outros diziam haver “expatriados vivendo em nossas praias, mas além da sociedade”. O historiador Arnold Toybee falou em “um sinal vermelho para o American way of life”.
O bispo James Parker, da Califórnia, disse que o movimento evocava os primeiros cristãos, pois, havia algo no temperamento e na qualidade daquelas pessoas, uma suavidade, uma calma, um interesse, algo bom, mas, para seus pais, profundamente preocupados, eles mais pareciam párias sociais perigosamente iludidos, candidatos a uma boa surra e a um curso intensivo de moral e civismo.
Qualquer que tenha sido o seu significado ou o seu objetivo, os “hippies” emergiram no cenário norte-americano naquele período com uma subcultura totalmente nova, uma bizarra permutação do ethos da classe média americana do qual evoluíram.
Duas correntes – a cultura e a política – se fundiram em 1969, o ano dos grandes festivais, cujo ponto maior foi o fim de semana de 15-17 de agosto. O Woodstock Music & Art Fair, subtitulado “Primeira Exposição Aquariana”, prometeu três dias de paz e música, slogan depois transformado em “três dias de paz e amor”.
Aquela epopéia foi vivida por mais de 500 mil pessoas, que, movidas a Rock in roll e muita bebida, é lembrada até hoje como um sonho – para uns – ou um pesadelo – para outros. O certo é que muitos jovens, em 69, estavam dispostos a ir à luta armada para uma nova Guerra de Secessão, ou Guerra da Independência, contra os Estados Unidos.
A partir de então, o Sistema passou a se sentir vulnerável, reprimindo à força e considerando como invasão e ameaça todos os movimentos musicais ou estudantis. Os festivais prosseguiram e prosseguem até hoje, mas sem a força de um Woodstock ou Monterey.
Assim, restam apenas as lembranças, cunhadas em panfletos, que viraram relíquias, como as do movimento do Parque do Povo de Berkeley que diz: “Todo mundo deveria poder se expressar e se desenvolver através da arte, do artesanato, trabalho, dança, escultura, jardinagem e todos os meios abertos à imaginação. O material será colocado à disposição de todas as pessoas. Desafiaremos todas as restrições puritanas contrárias à cultura e ao sexo. Contaremos com meios de comunicação – jornais, cartazes, panfletos, rádio, televisão, filmes e anúncios de fumaça no céu – para divulgar nossa comunidade revolucionária. Cessaremos com a poluição da Terra; nossa relação com a natureza será guiada pela razão e pela beleza muito mais do que pelo lucro. A civilização de concreto e plástico será derrubada e as coisas naturais respeitadas. Fundaremos comunas urbanas e rurais onde as pessoas possam encontrar expressão e comunicação...”
Não pretendemos aqui fazer apologia aos americanos, muito pelo contrário. Mas pensamos que muito do que está acontecendo de novo agora, no Brasil, e especialmente nos Fóruns Sociais, provocantes e engajados na política, na educação, nas artes e nas relações sociais – amor, fraternidade, família, comunidade – é criação, ou da juventude que se acha profundamente politizada, ou daqueles que se dirigem primordialmente aos jovens.
A exemplo da geração “hippie”, nós temos sonhado com uma nova revolução. Não como as do passado, armadas, mas como aquela utopia dos anos 60: com origem no indivíduo e na cultura, mudando a estrutura política apenas no final. Não recorrendo à violência para vencer e não podendo ser vencida pela violência.
Essa seria a revolução da nova geração, na qual a contracultura, primeiro ou último recurso sócio-político, viria não tanto da força da música, mas da força de vontade dos excluídos ou daqueles que tenham a coragem para se opor a um mundo conservador, cercado, enjaulado e subjugado por esse sistema econômico selvagem e ultramercantilista existente no mundo, hoje, globalizado.
A nossa energia imaculada e pacífica não deve se transformar em uma vasta e bocejante sensação de futilidade, onde parece não haver saída - problema que nos tira o sono e a vontade de lutar e de viver - porque nada é tão contagiante como o gosto pela liberdade.
Ser livre é ser revolucionário e alegre; arriscar-se é sinônimo de liberdade, pois o máximo de segurança representa a escravidão. E o que buscamos não é uma relação onírica, mas a certeza de uma liberdade plena.
“Paz e Amor”, foi e continua a ser um slogan válido para todos os lugares e tempos.
Parece-nos que está nascendo uma nova era de utopia, que clama por liberdade ampla, tanto para as ações como para as idéias. Todo esse debate nos transporta ao final da década de 60, quando a palavra de ordem foi uma só: AMOR.
Talvez aquele período tenha sido cicatrizado com as mortes de nomes tão fundamentais da música como Jimi Hendrix, Janis Joplin, Jim Morrison (Doors), Brian Jones (ex-Stones), ou, talvez, tenha sido o tempo que não morreu e nunca morrerá, tempo esse em que a utopia alcançou o seu ápice.
Muitos o viveram do lado de dentro, acordados durante o sonho da nação Woodstock, e de outros festivais. Naquele momento, “Paz e Amor” não foi apenas uma frase, pois a sua importância foi tão grande, a criatividade girou em órbita tão alta, que vale a pena levantar a cortina e relembrar o que poucos sabem a respeito do movimento “hippie”, que a música imortalizou para sempre, criando um mundo de idéias e uma nova ideologia:
Foi um fenômeno único na História. Nunca a música teve tanta importância, figurando no centro de profundas mudanças no indivíduo e na sociedade. Pela primeira vez o mundo experimentou uma revolução que não seguiu o caminho político, nem militar. Foi uma espécie de guerrilha cultural, de um movimento espontâneo e insinuante que, apossando-se dos meios de comunicação ou criando canais alternativos, conquistou simpatizantes por toda parte e ameaçou colocar a Utopia no poder. Foi como um sonho de verão e durou pouco, mas ao se deixar devorar pelo Sistema, essa contracultura injetou nele – Sistema – para sempre uma gama de novos valores, e as coisas nunca mais foram como antes.
Hoje é difícil imaginar e entender o “poder jovem” e os “hippies” sem associá-los ao “Rock”, o som que cadenciou aqueles anos de luta contra o Sistema e de procura do Prazer Absoluto.
A crônica dos Anos de Utopia começou no fim de semana de 16-18 de junho de 1967, no Monterey Pop Festival, inspirado nos festivais de “jazz” e “folk”. Eram esperados 7.100 expectadores, mas acabou aparecendo mais de 50 mil, a maioria sem ingresso.
Esse contingente pensava que o importante era estar lá, fiel ao “slogan” do festival: MÚSICA, AMOR E FLORES. Próxima de San Francisco, na costa da Califórnia, Monterey atraiu não só as hordas de “hippies” sanfranciscanas, mas também seus melhores grupos de rock. Nele desfilaram, por exemplo, The Who, Eric Burdon & The Animals, Jeff Airplane, The Mamas and Papas, Canned Heat, Country Joe and Fish; mostrou também o nascimento instantâneo de duas estrelas do rock: Janis Joplin e Jimi Hendrix, hoje mitos.
Desde janeiro daquele ano estavam acontecendo, em San Francisco, os preparativos para o tão anunciado “Verão do Amor”. Os “hippies” da cidade deram uma demonstração de força ao convocarem uma “Reunião de Todas as Tribos” no Golden Gate Park para o chamado World’s First Human Be-In, onde mais de vinte mil “ciganos brancos”, cantando, dançando, cobertos de flores, de colares e pulseiras de contas, profetizaram que cem mil flower children invadiriam a cidade em junho para o verão do amor.
Uma canção de Scott McKenzie, intitulada San Francisco, propagava o verão do amor e pedia a todos que não se esquecessem de colocar flores nos cabelos; um verdadeiro manifesto “hippie” que dizia All across the nation/ Such a strange vibration/ People in motion/ There’s a whole generation/ With a new explanation... ou seja, Através de toda a nação/ Há uma estranha vibração/ Todo um povo em ação/ Há uma nova geração/ com uma nova explicação...
Jornais da época diziam que havia um “proletariado freudiano” à solta; outros diziam haver “expatriados vivendo em nossas praias, mas além da sociedade”. O historiador Arnold Toybee falou em “um sinal vermelho para o American way of life”.
O bispo James Parker, da Califórnia, disse que o movimento evocava os primeiros cristãos, pois, havia algo no temperamento e na qualidade daquelas pessoas, uma suavidade, uma calma, um interesse, algo bom, mas, para seus pais, profundamente preocupados, eles mais pareciam párias sociais perigosamente iludidos, candidatos a uma boa surra e a um curso intensivo de moral e civismo.
Qualquer que tenha sido o seu significado ou o seu objetivo, os “hippies” emergiram no cenário norte-americano naquele período com uma subcultura totalmente nova, uma bizarra permutação do ethos da classe média americana do qual evoluíram.
Duas correntes – a cultura e a política – se fundiram em 1969, o ano dos grandes festivais, cujo ponto maior foi o fim de semana de 15-17 de agosto. O Woodstock Music & Art Fair, subtitulado “Primeira Exposição Aquariana”, prometeu três dias de paz e música, slogan depois transformado em “três dias de paz e amor”.
Aquela epopéia foi vivida por mais de 500 mil pessoas, que, movidas a Rock in roll e muita bebida, é lembrada até hoje como um sonho – para uns – ou um pesadelo – para outros. O certo é que muitos jovens, em 69, estavam dispostos a ir à luta armada para uma nova Guerra de Secessão, ou Guerra da Independência, contra os Estados Unidos.
A partir de então, o Sistema passou a se sentir vulnerável, reprimindo à força e considerando como invasão e ameaça todos os movimentos musicais ou estudantis. Os festivais prosseguiram e prosseguem até hoje, mas sem a força de um Woodstock ou Monterey.
Assim, restam apenas as lembranças, cunhadas em panfletos, que viraram relíquias, como as do movimento do Parque do Povo de Berkeley que diz: “Todo mundo deveria poder se expressar e se desenvolver através da arte, do artesanato, trabalho, dança, escultura, jardinagem e todos os meios abertos à imaginação. O material será colocado à disposição de todas as pessoas. Desafiaremos todas as restrições puritanas contrárias à cultura e ao sexo. Contaremos com meios de comunicação – jornais, cartazes, panfletos, rádio, televisão, filmes e anúncios de fumaça no céu – para divulgar nossa comunidade revolucionária. Cessaremos com a poluição da Terra; nossa relação com a natureza será guiada pela razão e pela beleza muito mais do que pelo lucro. A civilização de concreto e plástico será derrubada e as coisas naturais respeitadas. Fundaremos comunas urbanas e rurais onde as pessoas possam encontrar expressão e comunicação...”
Não pretendemos aqui fazer apologia aos americanos, muito pelo contrário. Mas pensamos que muito do que está acontecendo de novo agora, no Brasil, e especialmente nos Fóruns Sociais, provocantes e engajados na política, na educação, nas artes e nas relações sociais – amor, fraternidade, família, comunidade – é criação, ou da juventude que se acha profundamente politizada, ou daqueles que se dirigem primordialmente aos jovens.
A exemplo da geração “hippie”, nós temos sonhado com uma nova revolução. Não como as do passado, armadas, mas como aquela utopia dos anos 60: com origem no indivíduo e na cultura, mudando a estrutura política apenas no final. Não recorrendo à violência para vencer e não podendo ser vencida pela violência.
Essa seria a revolução da nova geração, na qual a contracultura, primeiro ou último recurso sócio-político, viria não tanto da força da música, mas da força de vontade dos excluídos ou daqueles que tenham a coragem para se opor a um mundo conservador, cercado, enjaulado e subjugado por esse sistema econômico selvagem e ultramercantilista existente no mundo, hoje, globalizado.
A nossa energia imaculada e pacífica não deve se transformar em uma vasta e bocejante sensação de futilidade, onde parece não haver saída - problema que nos tira o sono e a vontade de lutar e de viver - porque nada é tão contagiante como o gosto pela liberdade.
Ser livre é ser revolucionário e alegre; arriscar-se é sinônimo de liberdade, pois o máximo de segurança representa a escravidão. E o que buscamos não é uma relação onírica, mas a certeza de uma liberdade plena.
“Paz e Amor”, foi e continua a ser um slogan válido para todos os lugares e tempos.
3 comentários:
Caramba! Uma contribuição hiper-mega-blaster V. I. P. você conseguiu para o Culturanja, hem, Lupus.
Hehehe.
Vou procurar saber mais a respeito desses fóruns que ele cita no texto, seus objetivos e propostas para tentar atingi-los.
Quem sabe até grite, lá na frente, FRODO VIVE!
Huaaueuhaeaueauhehahuea.
Meus parabéns!
Sempre visito este blog
e sem dúvida este foi um dos melhores posts que já li!
parabéns
Parafraseando um grande amigo meu:
"digo mais..
é isso ae!"
Vai lá paizão!!
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