domingo, 28 de dezembro de 2008

Festando e Refletindo com Veríssimo [Orgias, 1989]

Hoje é 28 de Dezembro e nos restam apenas mais 4 dos 365 dias que nós mesmos nos damos para chegar a algum lugar. Apesar de todo mundo saber que a divisão do tempo é algo arbitrário, o dia em que a terra termina uma volta completa em torno do sol é tomado em consideração para varias coisas sérias e outras nem tanto.

O dia 31 de Dezembro é o dia da ressaca moral, igual àquela manhã com dores de cabeça e estomago embrulhado, quando você decide nunca mais beber como na noite anterior e resolver lavar a roupa suja com ex-afetos e alguns desafetos. É nesse dia "ressacal" de fim de ano que decidimos não cometer mais os mesmos erros do ano que passou.

E assim como as segundas-feiras são o dia preferido para se começar dietas depois de um domingão farto em gulodices, o primeiro dia do novo ano é o preferido para se começar grandes planos, depois de um ano farto de eventos mirabolantes, de índole duvidosa, bons e maus. Mas da mesma forma que a decisão de segurar a onda na festança nunca vigora, quando nos damos conta estamos nós, no decorrer do ano, fazendo novamente tudo o que planejamos não fazer.

Mas já que não seguir as regras é algo muito natural do ser humano, nada melhor do que rir disso tudo, e Luis Fernando Veríssimo ajuda muito nessa hora. Em seu livro Orgias (1989, ed. L± relançado em 2005 pela Objetiva), ele celebra essas horas mágicas das festas, quando as pessoas se divertem pelo simples prazer da diversão e acabam entrando em algumas saias justas e situações cotidianas especialíssimas. Enfim, se é dito que a vida é uma festa, então nada mais normal do que estabelecer regras e não segui-las todas, exceto aquelas que nos mantém vivos (e muitos ainda raramente fazem isso).

Festejemos o Ano Novo e adjacências!

Várias pessoas se identificarão com os personagens do diálogo abaixo, uma reflexão animada de fim de ano, um pedacinho de uma das crônicas que estão no livro, que vale a pena ser lido por inteiro, como qualquer obra dos Veríssimos. Enfim, tenham um final de ano bastante inspirado e um 2009 acima da média. Divirtam-se!

- Olhe.
- O que é isso?

- Aquele livro que você me emprestou.
- Eu não me lembro de…
- Faz muito tempo. E, na verdade, você não emprestou. Eu peguei. Eu costumava fazer isso. Nunca mais vou fazer.

- Você pode ficar com o livro. Eu…
- Não! Ajude a me regenerar. Quem fazia essas coisas não era eu. Era outra pessoa. Um crápula. Decidi mudar. Este sou o eu 2006. Comecei devolvendo todos os livros que peguei dos amigos. Acabou com a minha biblioteca, mas que diabo. Me sinto bem fazendo isto. Outra coisa. Precisamos nos ver mais. Eu abandonei os amigos. Abandonei os amigos! Olhe, vou à sua casa este sábado.
- Não. Ahn…

- Prometo não roubar nada.

- Não é isso. É que…

- Já sei. Vamos combinar um jantarzinho lá em casa. A Santa e eu estamos ótimos. Fiz um juramento, na noite de ano bom. Que me regeneraria. E ela me aceitou de volta. Há dois dias que não olho para outra mulher. Dois dias inteiros! Isso era coisa do outro.

- Sim.
- Do crápula.

- Sei…
- Eu era horrível, não era? Diz a verdade. Pode dizer. Uma das coisas que eu resolvi é não bater mais em ninguém. Era ou não era?
- O que é isso?
- Como é que eu podia ser tão horrível, meu Deus?
- Calma. Você está transtornado. Vamos tomar um chopinho.
- Não! Não posso. Jurei que não botaria mais uma gota de álcool na boca.

- Mas um chopinho…

- Está bem. Um. Em honra da nossa amizade recuperada. E escuta…
- O quê?

- Deixa eu ficar com o livro mais uns dias. Ainda não tive tempo de…

- Claro. Toma.

- E vamos ao chope. Lá no alemão, onde tem mais mulher.

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

"gentil à tua mão, aberta pra quem é..."

Hoje é aniversário do "Nevilton Pai", por isso ontem fui ao mercado e comprei cervejas de vários tipos, snacks e queijo! Durante a noite, quando a família toda já estava em casa, trouxe à sala as cervejas geladíssimas, queijo cortado em cubinhos e snacks pra rechear as horas que faltavam, para nosso amigão chegar animado a nova idade! Tal fato e alegria me ajudarão a fazer comparações ao disco que vou sugerir aqui: o Little Joy, do Little Joy, lançado neste 4 de Novembro, pela Rough Trade.

Little Joy é um projeto de amigos que deixaram seus lares e rotinas para gravar um disco em Los Angeles. Fabrizio Moretti (The Strokes) e Rodrigo Amarante (Los Hermanos) se conheceram num festival em Lisboa, Portugal. Naquela ocasião conversaram a noite inteira, cogitando um dia trabalharem juntos em um projeto que não trouxesse muitas referências de suas respectivas bandas.

Após um ano, Amarante foi a Los Angeles gravar com
Devendra Banhart, e nas horas livres das gravações se encontrava com Moretti para conversarem mais sobre música. Foi nesta viagem e entre essas conversas que foram apresentados a Binki Shapiro, que já era de Los Angeles, e assim ganharam uma amiga e parceira para o projeto que cogitavam desde aquele festival.

Alguns meses depois, se mudaram para uma casa em Echo Park e começaram a gravar as demos das músicas que vinham trabalhando, e mais tarde, com a ajuda do produtor
Noah Georgeson, que gravou o disco do Banhart, gravaram o disco que trazia o mesmo nome do projeto, "Little Joy".

O resultado de tudo isso é muito bom! Músicas bonitas, com arranjos ricos em detalhes. As vezes os timbres e ideias fazem lembrar praias, filmes e momentos tranquilos com percussões e vocais vários! É de se ouvir com prazer! Apesar de serem vários arranjos e instrumentos, nada soa carregado ou confuso, dá pra sentir o timbre de cada coisa, tão fácil quanto diferenciar queijo de snack. E mesmo soando como algo meio que grandioso, por se tratar da dimensão do Strokes pro mercado mundial e do Los Hermanos para o público daqui, o disco consegue criar uma atmosfera aconchegante e informal, tipo beber cerveja e ouvir música na sala de casa, acompanhado das pessoas que você mais gosta.

As músicas que mais gostei foram: "The Next Time Around" e seus backings vocals fantásticos, a levada de "No one's better sake", a baladinha linda "Unattainable" cantada por Binki Shapiro, e "Keep me in mind" que me fez ter flashes de Los Hermanos e Strokes! :D






Pra quem gostou, ouvi dizer que dá pra baixar o disco por ai... :D

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Tchubarubarando com a Mallu.

O que pediria uma menina de 15 anos de idade ao seu pai rico? Certamente um monte de coisas legais como celulares, sapatos, roupas, festas ou viagens maneiras. O bom é que pra tudo tem exceção e, nesse caso tem até nome próprio: Mallu Magalhães.

Mallu poderia ser mais uma cocotinha paulistana, que torra a grana do pai bem de vida em frivolidades adolescentes que só a ajudariam a ter mais sucesso entre suas iguais, entretanto resolveu bancar a esperta e não ser simplesmente a melhor entre seu grupinho, resolveu ser realmente diferente de todas. Ao invés de um festerê lindo pra society, Mallu resolveu pedir um “paitrocínio” para gravar um disco com músicas escritas por ela mesma.

Mallu, mas parece a Judy Foster.

Com o presente do pai e suas canções ela foi até o estúdio “Lucia no Céu”, lá no Sumaré, em São Paulo e, juntamente com os músicos do local arranjou e gravou suas primeiras canções, disponibilizadas em seu MySpace. Dai pra frente, após divulgar bastante o trabalho e causar frison no circuito alternativo de São Paulo, blogs, jornais e MTV’s em geral, a menina ganha os festivais de música do Brasil e, já com 16 anos de idade, acompanhada pelos músicos do estúdio “Lucia no Céu”, que agora são a sua banda oficial, entra novamente em estúdio e grava o seu disco de verdade.

O trabalho é uma superprodução, com direito a equipamentos antigos da gravadora EMI restaurados (com os quais também foram gravadas as músicas do Led Zeppelin IV), instrumentos escolhidos à dedo como o piano usado por Tom Jobim, guitarras dos anos 50, colheres e panelas na bateria e experimentações diversas, tudo supervisionado pelo renomadíssimo produtor musical Mário Caldato, que já trabalhou com gente graúda como o Beastie Boys, Super Furry Animals, Molotov, Seu Jorge, Planet Hemp, Bebel Gilberto, Marcelo D2, Chico Science & Nação Zumbi, dentre outros. Enfim, com tudo isso junto, não poderia sair outra coisa senão um álbum de sonoridade caprichadíssima.

Mallu e sua turma, no estúdio.

Mallu Magalhães
e um leãozinho atento, estilo bolacha passatempo, é o que se vê na capa do disco que carrega o cancioneiro da garota paulistana e que foi lançado oficialmente no dia 15 de Novembro deste ano, durante o festival Gig Rock, em Porto Alegre. No festival estavam presentes diversos nomes de vulto da música independente nacional, mas a boa notícia para os conterrâneos é que a banda que se apresentou logo após o show de Mallu (muito bom, por sinal) foram os Umuaramenses do Nevilton, que continuam cada vez mais marcando presença no cenário nacional.


Na feira da fruta, o clipe de Tchubaruba.

Folk por excelência, dá pra se notar tons de Bod Dylan, Johnny Cash, Elvis Perkins e comparsas bem evidentes em todas as faixas do álbum, ainda mais que a maioria das músicas são em inglês, mas sem qualquer desabono no sotaque da garota. As guitarras de Kadu Abecassis, a bateria de Jorge Moreira e os baixos de Thiago Consorti, conversam de igual pra igual com os vilões, banjo e gaita de boca de Mallu, criando um clima feliz e colorido, inclusive nas músicas mais melancólicas.

Infelizmente, chega uma hora que a voz ainda um tanto infantil de Mallu começa a soar incômoda, dando a impressão de que o disco poderia terminar lá pela décima música ao invés de se estender por quinze. Mas isso é só um pequeno detalhe que é diminuído pela qualidade sonora e musical que essa trupe conseguiu criar nos 10 dias de gravação do álbum. E é essa criatividade de qualidade que faz com que cada nova canção que começa se torne uma surpresa dessa caixinha carinhosamente criada e decorada pela menina prodígio mais descolada do momento. Que sirva de exemplo!

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

1984: O ano em que o cérebro era troféu

Sob os olhares atentos e uma espécie de terror psicólogo, a obra “1984”, de George Orwell, escrito em 1948, fala de um mundo, Oceania (congregação de países de todos os oceanos), dominado pelo socialismo stalinista em 1984 (o inverso dos números do ano em que foi escrito). Em um mundo onde o Estado domina e nada é de ninguém - mas tudo é de todos - tudo o que resta de privado são os poucos centímetros quadrados do cérebro. E é aí que a batalha se desenvolve, entre o indivíduo e o Estado lutando na tentativa de controlar a mente.

Escrito no pós-guerra, o livro “1984” é um dos maiores clássicos do século passado. O romance de George Orwell descreve uma visão pessimista de um futuro sombrio. O autor inverteu o ano no título para criticar que o totalitarismo vigente em 1948 não era obra apenas de ficção científica. Os editores preferiram inverter os últimos dígitos para não assustar ainda mais os leitores. O ano de 1984 passou e pouco do que foi escrito se concretizou. Provavelmente nos próximos anos oitenta teremos uma sociedade mais parecida com a que foi imaginada por Orwell, pois ainda estamos no estágio experimental do controle da população.

A teletela, o aparelho imaginado por Orwell, é um eficiente receptor e emissor de dados que não se compara às limitações dos aparelhos de TV e dos micro-computadores. Para garantir a manutenção do Partido (tratado como Estado), os setores mais importantes da sociedade eram controlados por elas, sempre sob a onipresença do Grande Irmão (ou Big Brother e antes que me perguntem, lá vem a resposta: sim, o livro tecnicamente também inspirou o programa de TV).

Baseado na opressão dos regimes totalitários das décadas de 30 e 40, o livro não se resume a apenas criticar o stalinismo e o nazismo, mas toda a nivelação da sociedade, a redução do indivíduo em peça para servir ao Estado ou ao mercado através do controle total, incluindo o pensamento e a redução do idioma. A função de Winston Smith (personagem principal) é uma crítica à fabricação da verdade pela mídia e da ascensão e queda de ídolos de acordo com alguns interesses. No Miniver (Ministério da Verdade), ele alterava dados e jogava os originais no incinerador (Buraco da Memória) de tudo que pudesse contradizer as verdades do Partido.

Intrigante e ameaçadora, a obra, apesar de ser uma “visão de como seria o mundo em 1984”, deixa de lado o estereotipo corriqueiro de obras de ficção cientifica (que geralmente tratam o futuro como algo irreal). Indico a leitura principalmente a todos da área de comunicação. Com certeza, quem já leu, assim como eu, adorou!

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

O Ladrão de Sonhos [La Cité des Enfants Perdus, 1995]


Seu criador não o deixou a capacidade de sonhar. Sem sonhos, Krank era só um homem rabugento, um velho que continuava envelhecendo tão rápido que a vida não era nada de especial para ele. Sem sentimento algum, não chorava nem sorria, só mandava e desmandava em seus criados, isolado do mundo em sua plataforma no meio do mar. Mas ele tinha um plano, descobriu que poderia roubar os sonhos das crianças (já que adultos não sonham, são realistas demais) e com estes sonhos conseguiria não mais envelhecer e seria, enfim, um humano completo.

Porém, Krank não sabia com quem estava mexendo ao seqüestrar o “irmãozinho” de One, um brutamontes destemido que, com a ajuda da pequena e irresistível Miette e sua trupe de infantes bandidos, percorre lugares sombrios, mofados, desolados e habitados pelos seres mais bizarros, mas ao mesmo tempo poéticamente belos. Tudo isso para salvar seu irmãozinho e acabar com o reino de terror de Krank.

Krank em sua máquina de roubar sonhos.

Este é o pano de fundo do filme O Ladrão De Sonhos (The City of The Lost Children ou La Cité des Enfants Perdus), um longa metragem francês, lançado em 1995, com direção de Jean-Pierre Jeunet e Marc Caro. A dupla também dirigiu o maravilhoso Delicatessen e, Jeunet nos presenteou com o mitológico e Fabuloso Destino de Amélie Poulain. Em o Ladrão de Sonhos a realidade de um mundo fantástico se torna palpável através de uma cenografia e fotografia cuidadosamente elaboradas, além do estiloso figurino do famoso estilista francês Jean Paul Gaultier. Usar crianças maduras e adultos infantilizados é também uma piada deliciosa dos roteiristas.

One e Miette à caminho do reduto do velhaco Krank.

Os filmes Europeus, diferentemente dos norte-americanos, são bastante densos e provocam reflexões mais profundas. Alguns são intragáveis com tanta referência cultural, o que não acontece com esta obra prima. Nela, elementos como o medo, o egoísmo, o altruísmo, o amor, a amizade e outros mais, são abordados em uma visão universal e acessível a todos. Inclusive, a grande beleza nisso é que todos os elementos da história conspiram para que, assim como aquele velho rabugento, nós também percebamos que sonhar faz a vida algo melhor.

A idealização das coisas, tão fora de moda nestes tempos egoístas, é louvada enquanto o “seja realista e cuide do seu traseiro” não tem outro espaço no filme, senão o de vilão. É uma visão romanceada da vida, mas, ora bolas, estamos falando de um conto de fadas moderno, não poderia ser diferente. Não poderia ser melhor.

One e Miette.



O Trailler.

E para quem se interessou, o link para download.

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

Mudar da água para o vinho

Sexo: feminino.

Descrição: cabelos roxos compridos, roupas pretas, tatuagens e vários brincos.
Idade: 56 anos.
Quem é ela??? Uma roqueira desvairada e rebelde?! Errado. Esta é Baby do Brasil, ex-integrante do grupo “Novos Baianos”. Agora, uma pastora evangélica.

Como vocês sabem, Baby do Brasil (ex-Consuelo) já foi hippie, pregava o amor livre e fazia músicas, digamos, adiantas às de sua época. Os anos se passaram e aqui está ela totalmente mudada em seu interior, como ela mesma diz. De tão mudada, dizendo ter visto, várias vezes, sinais “gloriosos”, agora ela embarca como líder de um grupo religioso, ou, como quiserem, um novo culto denominado “Ministério do Espírito Santo de Deus em Nome do Senhor Jesus Cristo”, que já vem “salvando as almas perdidas” (que ela exemplifica como punks, skatistas e gays), há três anos.

Depois do milagre da multiplicação dos filhos (com nomes bem esquisitos, diga-se de passagem), a telúrica cósmica renova a fé fazendo aleijado andar e cego enxergar durante os cultos. O “Ministério do Espírito Santo em Nome do Senhor Jesus Cristo” foi fundado por Baby, depois que seu último CD não emplacou nem nas paradas de ônibus.


Há algum tempo, Baby fez a seguinte declaração: “Há poucos dias, estava cantando um louvor com a banda e entrou um senhor numa cadeira de rodas. Quando olhei para ele, senti que ia curar. O pastor foi orar com ele, e eu continuava louvando. De repente, ele levantou e andou”.
Segundo Baby, essa não foi a única vez que fiéis se curaram enquanto sua banda tocava. “Um dia, estava numa igreja e, quando o culto acabou, ouvi uma voz: ‘Volte a louvar’. Continuei o louvor, e minutos depois uma senhora de 75 anos, que estava acompanhada dos netos, levantou e começou a gritar: ‘Estou enxergando, estou enxergando’”, relatou a cantora.

Baby em sua fase hippie, com o grupo Novos Baianos, nos anos 70

Baby é um exemplo claro de boa parte da população que muda de crença, seja por problemas na família, financeiros, falta de “afinidade” com a religião ou crença que já freqüenta, entre outros motivos aparentemente inexplicáveis. No caso de Baby, que já passou por muitas, desde a filosofia hippie até aos ensinamentos do guru Thomas Green Morton (que divulgava o poder mágico da palavra Rá e dizia entortar talheres com a força da mente e fazer luzes surgirem do nada), vejo quão incompreensível é a velocidade de não permanecer ou acreditar em uma crença.
Não se trata de o que há de certo ou de errado em trocar de religião, mas é curioso o fato de algumas pessoas dizerem “mudar de vida”, de uma hora para a outra, acreditando obterem poderes divinos ao encontrarem Jesus.

Não que todas que digam isso sejam desorientadas, mas estas coisas colocam em “xeque” a fé que o indivíduo diz ter, como é o caso da “ex-Nova Baiana”. Depois de tanto mudar e dizer milhões de vezes na mídia que finalmente encontrou Jesus, ela “surtou de vez” e resolveu, sem mais nem menos, montar uma igreja sem ter feito nenhuma especialização (nenhum curso teológico) para poder “liderar um rebanho”. E não é só isso... Baby diz conseguir ressuscitar mortos, lutar contra o demônio (ela diz que é ele quem está por traz das crises e tragédias que estão acontecendo nos Estados Unidos), e ainda diz “curar” homossexuais. E, é claro, como toda boa igreja, cobra o dízimo dos seus seguidores.

Baby ainda mudou todas as letras de suas músicas e as “evangelizou” dizendo ter conseguido finalmente a paz espiritual. Mas será que o “finalmente” dessa vez é pra valer ou é mais um golpe de marketing para alavancar sua própria audiência?! É, porque, até bem pouco tempo atrás, ela só aparecia a cada seis meses nos programas de TV para dizer que mudou de religião, ou para dizer que não faz sexo há mais de cinco anos em respeito a Jesus. Acreditem, a ex-hippie não crê mais no amor carnal. A "popstora", como prefere ser chamada, parece até a Gretchen que só aparece para dizer que largou, trocou de marido, fez um filme pornô ou se aproveita da imagem da filha recém assumida homossexual.
É esperar pra ver, irmãos!

quarta-feira, 8 de outubro de 2008

Em Algum Lugar No Passado


Richard Collier, famoso escritor de teatro, durante a busca por inspiração para sua próxima peça, descobre que o grande amor da sua vida está no passado. Louco de amor ele tenta de tudo, até que consegue viajar no tempo e reviver aquela grande história. E não estamos falando de semanas, ele volta de 1980 para 1912!

Collier fez o que todos nós já quisemos ou vamos querer fazer um dia: voltar no tempo, consertar algumas coisas, reviver bons momentos e deixar a vida do jeito que a gente quer. O filme Em Algum Lugar no Passado (Somewhere in Time, USA, 1980), dirigido pelo francês Jeannot Szwarc, desperta as lágrimas de quem já se despediu alguma vez na vida e revive a esperança do eterno apaixonado. Mas no fim das contas é uma grande lição sobre o valor dos momentos na vida.

Cuidado, Collier... você ainda não é o Superman!

“O passado ao passado pertence” diz sabedoria popular, mas o insistente e apaixonado Richard não tá nem aí. Consegue um milagre em nome de seu amor por Elise McKenna, e esse romance, mesmo que numa realidade paralela, cria situações difíceis que só o grande desejo de estarem juntos para sempre pode mantê-los empenhados em prosseguir. Mas não dá, Richard, existe sempre uma armadilha para quando você acha que está tudo certo.

McKenna e Collier em 1912.

Eu sempre evitei os filmes de amor, romance meloso, mas depois desse, vi que por mais lindo e cor-de-rosa que seja a história, ela sempre nos faz refletir muito profundamente sobre o grande paradigma do amor, esse sentimento lindo e terrível. Aos otimistas o sorriso vem bonito com lágrimas floridas e aos pessimistas a realidade se mostra a injusta de sempre.

O elenco do filme é cheio de figurões dos anos 80, época em que foi filmado e o destaque é para o saudoso Christopher Reeve (o eterno Superman) ainda jovem e com uma evidente carreira de primeira grandeza. A trilha sonora, composta por John Barry (11 trilhas de James Bond nas costas) é uma das mais envolventes que eu já ouvi. O tema de “Em Algum Lugar no Passado” é tão romântico quanto um carinho de amor pela manhã e a “Rapsódia Sobre um Tema de Paganini”, de Rachmaninoff, só pode ter sido escrita enquanto ele flutuava por aí, ambas são canções na medida para uma história de amor.

Se o casal fica junto no final? Aí vai depender de como você vê a vida. Emocione-se.

É clichê...mas com muita classe!


Tema de Somewhere in Time, de John Barry


Rapsódia Sobre um Tema de Paganini, de Rachmaninoff.


Saiba mais (mas tem que saber inglês):

Site oficial do filme: http://www.somewhereintime.tv/

Fundação Christopher & Dana Reeve: http://www.christopherreeve.org

Baixe o filme no site Making Off (Necessário cadastro)

sexta-feira, 3 de outubro de 2008

As Aventuras de Herman, o Marinheiro.


Herman já tinha sido bancário, professor e fazendeiro para ajudar sua mãe e sete irmãos a não passarem muito aperto depois que o pai morreu. Um dia resolve ser marinheiro e, à bordo vários navios, vive muitas aventuras pelo oceano pacífico, participa de motins e chega até mesmo a viver alguns meses com a tribo de canibais Typee, das Ilhas Marquesas, na Polinésia Francesa. (mais sobre as Ilhas Marquesas)

Em 1844 abandona a vida de homem do mar. Casa-se, em 1847, com Elizabeth e aproveita a bagagem cheia de histórias para escrever alguns livros, que foram grandes sucessos na segunda metade dos anos de 1840, o que garantiu a Herman e sua família algum status e conforto.

As Ilhas Marquesas. Até eu, heim Herman!

Apesar de parecer, o Herman de quem falamos não é um personagem fictício, ele é o escritor norte-americano Herman Melville, que em 1851, escreveu Moby Dick, ou A Baleia. O livro, publicado em três fascículos foi um fracasso na época e levou nosso amigo Herman ao ostracismo. Quando ele faleceu, em 28 de setembro de 1891, há exatos 117 anos atrás, o obituário do New York Times registrava o nome de Henry Melville e ninguém se importou, de tão apagada estava sua fama.

Entretanto, o maior fracasso de critica e público de Herman Melville é o livro pelo qual ele é lembrado hoje. O romance Moby Dick conta a história do jovem Ismael que, decidido a trabalhar na marinha mercante embarca no Pequod, navio baleeiro do capitão Ahab e o desenrolar da história transforma o livro numa obra de arte.

Talvez o grande conteúdo psicológico, divagações de Ismael e as implicações metafóricas de cada personagem e fatos do livro, tenha deixado o pessoal de 1851, ainda não apresentado à Psicanálise (Freud nasceria apenas em 1856) bastante entediado e por fora do assunto, o que pode explicar o grande fracasso, naquela época, de uma obra tão boa.

Capa e contra-capa da primeira edição de Moby Dick.

A riqueza de detalhes sobre barcos, métodos de pesca de baleias e curiosidades marítimas em geral, escrito com total domínio de causa, já que Melville passou anos de sua vida trabalhando na marinha mercante dos Estados Unidos, somada com a atemporariedade do tema, provoca uma sede por cada nova página de Moby Dick.

A vontade doente de vingança do Capitão Ahab; a tripulação alucinada que entra na onda do chefe, colocando em risco a própria vida; as divagações de Ismael, que dentre todos é o mais bem nutrido de razão, tudo isso se apodera do leitor e o leva junto à caça daquele feroz diabo branco, que pode ser uma simples baleia albina, ou o símbolo das mais variadas obsessões humanas.

P.S.: Se quiser ver a rota do baleeiro Pequod e de outros aventureiros da literatura, clique AQUI.

quinta-feira, 25 de setembro de 2008

Trabalho na campanha não é só do candidato

Dizem por aí que sobre política e religião não se discute. Até ontem a noite, estava decidida a escrever sobre a tal religião, mas tendo em vista que faltam dez dias para as eleições, resolvi falar de política, ou seja, não sairei da ‘maldita’ discussão. Na verdade, sairei sim e tentarei discorrer sobre o assunto, a partir de algumas percepções que tive ao sair nas ruas da nossa cidade, Umuarama.

Esse é o ano que estou mais ‘ligada’ nesse ‘negócio’ que é a política. Ando cercada por ela, e muitas vezes, até de saco cheio dela. Em qualquer lugar que eu vou, vejo gente fazendo bolão de quem vai ganhar, gente que faz até contagem regressiva para o dia de votar.


Chegou a hora em que os ânimos afloraram! O clima de disputa aumenta cada vez mais entre os candidatos. É um tal de querer debater daqui, prestar contas dali... Enfim, todos procuram de algum jeito, mostrar o que será de Umuarama se forem eleitos.


Entretanto, o clima de competição parece ficar só entre os candidatos já que, há cerca de um mês, está sendo comum sair às ruas e ver pessoas de várias idades segurando placas, banners e bandeiras em praças, esquinas e canteiros centrais das avenidas. Tudo para apoiarem o candidato que acreditam ser o melhor. O mais interessante é que não é raro ver numa mesma esquina, pessoas segurando bandeiras e placas com nomes de candidatos ‘oponentes’ e que ao invés de ‘fecharem a cara para oposição’, conversam e até se ajudam na realização desse difícil trabalho.


É, mas sempre tem um engraçadinho que pode indagar: “Poxa! Ficar sentado o dia todo sem fazer mais nada além de segurar uma bandeira (por exemplo), deve ser moleza!” Mas agora imagine ter de passar o dia inteirinho debaixo de sol, de chuva, dias quentes, dias frios, de vez em quando, até ouvir desaforos de alguns que passam na rua e ainda não ter com quem conversar? Pelo menos, nesse último quesito essas pessoas estão amparadas, já que enquanto divulgam a imagem de seus candidatos, podem trocar idéias com outras pessoas que esperam o melhor para a cidade.


E ainda bem que elas se ajudam! Hoje mesmo, ao atravessar um cruzamento na Avenida Paraná, enquanto esperava o sinal fechar, me deparei no meio de uma conversa, na verdade uma conversa gritada. Uma senhora sozinha, que já devia ter seus mais de 50, estava em um canteiro central da avenida, debaixo dum sol quente (daqueles de deixar qualquer um com vontade de estar na praia), enquanto várias, mas várias pessoas no outro canteiro (os canteiros eram cortados por uma rua), também fazendo propaganda e para candidatos diferentes, convidavam-na a estar com eles: “O fulana (confesso que não prestei atenção no nome dela) vem aqui com a gente! Tá aí sozinha por quê?” E isso tudo em meio a buzinas e barulhos de motores dos automóveis.


Para fazer uma reportagem para um jornal, conversei com uma dessas pessoas que trabalham digamos ‘num escritório temporário ao ar livre’: a Laudicéia. A moça tem 26 anos e está nessa desde o dia 19 do mês passado, segurando uma placa no meio de um desses canteiros centrais. E essa não é a primeira vez que a jovem ajuda o candidato. Ela me contou que há cinco eleições trabalha para ele e faz isso porque acredita no trabalho do cara. Laudicéia começa às 7h15 e acaba o serviço no fim da tarde, às 17h30. O intervalo de meia hora de almoço não a permite ir até sua casa descansar, então, ela tem de comer todos os dias nas redondezas da onde passa o dia.


Faça chuva ou faça sol, Laudicéia está lá, firme atrás da placa. De vez em quando, como ela mesma diz, fica ouvindo uma música, depois conversa com a amiga Cristiane, de 23 anos, que tem a mesma função, mas fica a poucos metros de Laudicéia. E como faz para ir ao banheiro? A jovem responde em tom de brincadeira: “aí eu tenho de falar para minha amiga me socorrer e cuidar da placa para mim, porque não posso deixá-la sozinha!”.


Bom, conversei com muito mais pessoas, mas se fosse contar a história de cada uma delas, ninguém agüentaria ler até o final do texto. Aliás, queria deixar claro que esse texto não tem intenção nenhuma de fazer campanha pra fulano ou ciclano. Na verdade, queria mesmo mostrar como tem gente que ainda acredita que as coisas podem mudar e botam a maior fé no que está por vir. Elas não fazem isso por dinheiro, até porque não ganham nem a metade do que mereceriam ganhar para fazer o que fazem.


É... independentemente de quem ganhe, o candidato eleito vai ter de TRABALHAR bonito, seja na prefeitura ou na Câmara de Vereadores, para, no mínimo, agradecer o que esses umuaramenses têm feito nessa campanha.



Ah, e só por diversão, para quem ainda não viu, olhe só qual a nova empreitada do pai da 'porta dos desesperados' : http://www.sergiomallandro14800.can.br/

Quer rir ou se indignar em dobro? Então deixe a caixa de som do seu computador ligada ao acessar o link.

quarta-feira, 17 de setembro de 2008

"Posso estar só, mas sou de todo mundo."


Na sexta feira, dia 05 de Setembro, Marcelo Camelo lançou seu disco solo, o "Sou". O disco traz 14 canções repletas de boa inspiração, arranjos tranquilos, muita percussão, assobios, barulhos de mar e aquela paz que cultiva em suas músicas desde o Los Hermanos. Para quem já "é do partido" (ou seria do bloco?) , é um disco realmente muito gostoso!

Abre o disco com harmonias tortas e arranjos suaves de "Téo e a Gaivota". "Tudo Passa" vem com ginga, do tipo marchinha de Carnaval contemporâneo e o refrão em vários "Camelos" sopra esperança entre percussões várias. "Passeando" é uma peça para violão ou piano (faixa 3 e 14), a versão de violão traz um vocal que introduz o tema da próxima música: "Doce Solidão". Esta traz a mistura do sentir-se só com o sentir-se bem, e seus assobios, arranjo e melodia arrastado são de fazer arrepiar as canelas. As outras nove canções que seguem, trazem mais bons arranjos, melodias sussurradas, participações especiais de Mallu Magalhães e Dominguinhos, e letras muito bonitas. Você pode ouvir, baixar e ver as letras em http://callback.terra.com.br/marcelocamelo/ . Vale a pena a visita!

p.s.: o cara é mais louco que eu pensava... sempre gostei das letras e músicas, e confesso que me assutei quando soube do blog... pra gente que nunca se contenta com os layouts por aqui... ele tinha a propria solução sobre as cores das fontes, tamanhos de letras e etc. Quando tiver um tempinho, confira: http://g1.globo.com/Noticias/Colunas/0,,7403,00.html

segundo p.s.:

essa foto é excelente, né!? rsrsrs

sexta-feira, 12 de setembro de 2008

FILMINHO BOM DA GOTA SERENA!


O universo do cinema nacional é repleto de filmes “cabeça”, cheios de metáfora e discurso sócio-político de meia-tigela. Para estes filmes a critica é sempre positiva, pois é mania nacional deixar uma mensagem que só quem estiver “ligado” vai entender. Isso pode até ser uma super diversão pra quem consegue ter alguns insights, mas chega uma hora que enjoa. Ainda bem que, mesmo com a crítica negativa puxado o pé à noite, alguns abençoados ainda insistem em fazer o cinema divertido, com o intuito apenas de entreter e contar boas histórias e este é o caso de O Homem Que Desafiou o Diabo, dirigido pelo eclético Moacyr Góes.

Baseado no romance As Pelejas de Ojuara, de Nei Leandro de Castro, que também é um dos roteiristas do filme, cujo elenco mistura grandes figuras do cinema e televisão com rostos poucos conhecidos do grande público. O já conhecido Marcos Palmeira interpreta Zé Araújo, um caixeiro-viajante e mulherengo de sucesso que seduz a filha de um comerciante turco e acaba obrigado a casar-se com ela. Quando percebe, ele é escravo do sogro na vendinha e da mulher em casa, logo é motivo de piada na cidade. Mas não por muito tempo.

Zé Araujo e sua turquinha.

Num belo dia, Araújo manda tudo praquele lugar e virado num Michael Douglas em “Um Dia de Fúria”, resolve sua vida e se transforma no caboclo da peste, que nada teme, de nome Ojuara (Araújo ao contrario) e cai no “oco do mundo”, enfrentando tudo (incluindo o próprio Diabo), tomando toda a cachaça que encontra e bulindo com qualquer moça que lhe apareça na frente.

A fama de duro na queda de Ojuara o precede, mas ele quer mesmo é chegar na terra de “São Saruê”, onde as montanhas são de rapadura e os rios são de leite, nada mais pitoresco. Mas a grande sacada do filme é juntar vários mitos nordestinos e costura-los através do cabra macho que vaga sertão afora enfrentando assombrações e fazendo coisas que ninguém consegue.

O Cão Pequeno!

Não espere uma análise profunda do folclore nordestino ou qualquer discussão sociológica para a pobreza do sertão, o que interessa para o filme é que o Sertão nordestino é muito quente, colorido, cheio de cachaça, loucura e até mesmo de romance. E seguindo o costume milenar dos filmes brasileiros e aproveitando-se da beleza das atrizes do elenco, O Homem Que Desafiou o Diabo conta também com incontáveis pares de belos peitos em cena, com destaque aos da Fernanda Paes Leme, que interpreta o grande amor de Ojuara, a bela moça de cabaré chamada Genifer.

A bela Genifer com seu par Ojuara.

Portanto, se você quer passar 106 minutos de boas risadas, belas paisagens, causos insólitos e uma aula de ditos populares e gírias nordestinas, esse filme é um prato cheio e merece muito ser visto. Mas também não precisa ir com muita sede ao pote, pois como disse o grande Ojuara: “Quando o pirão é demais, pode esperar caganeira”.



Não está satisfeito?! O Michael Douglas também não!


quinta-feira, 4 de setembro de 2008

Para calar as bocas e aumentar o som pros ouvidos

“A VI Geração da Família Palim do Norte da Turquia” e Maiara, uma grande amiga dos meninos

Não tão distante de Umuarama, a banda maringaense “A VI Geração da Família Palim do Norte da Turquia”, assinou no final do ano passado um contrato com a “Volume 1 Records”, um selo musical de renome, de São Paulo, que produz bandas que ainda estão no meio “underground”, se assim podemos denominar. A “Família Palim” tem cinco integrantes e todos eles carregam consigo codinomes, ou melhor, personagens, para se apresentarem: Hastür Palim, Hashid Palim, Hassanz Palim, Hastan Palim e Hassen Palim. Quando estão no palco, juram de pés juntos que são irmãos e fugitivos de Stambul. A banda surgiu no Brasil, como eles costumam brincar, em meados de 2003, levando para Maringá um modo divertido de fazer música. Os meninos já têm um primeiro disco, que leva o mesmo nome da banda.

Nesse sábado, às 23h, a banda se apresenta n’A Base, um novo bar de Maringá que fica na avenida Cerro Azul, 323. Lá, além de compartilharem o palco com os garotos do "Charme Chulo" (de Curitiba) e do "Zeferina Bomba" (de João Pessoa), os ‘turcos’ também lançam seu segundo CD intitulado “¿POR QUE NO TE CALLAS?”. Ah, e reza a lenda que haverá uma participação especial de Nevilton em uma música dos caras...
Bom, nós que não somos bobos e não deixamos nada para trás, conversamos com Fernando Pereira, ou melhor, Hastür Palim (como preferirem), que respondeu questões sobre como foi gravar o segundo disco, agora por meio de um selo musical.

Como surgiu a oportunidade de gravar um CD por meio de um selo? Partiu do interesse de alguém da banda ou foi uma espécie de “olheiro” que viu o show de vocês, curtiu e fez a proposta?

Na verdade trabalhamos o primeiro disco (Independente) por cerca de um ano, trabalhamos na base do intercambio de bandas, e foi num desses intercâmbios que conhecemos a piazada do Charme Chulo, que na época estavam entrando para o Volume 1. Para eles deu certo, e então nos indicaram e entramos!

Quais foram as principais diferenças na gravação e produção entre o primeiro e esse segundo disco?

A Principal diferença na gravação foi a entrada do baterista nosso irmão perdido, que deu um gás daqueles pra banda e trabalhou firmemente em cima das músicas! Além do que uma banda que grava um segundo disco já tem uma certa experiência de estúdio, o que facilita muito nas timbragens dos instrumentos e outras coisas. A banda também amadureceu musicalmente, não que tenhamos nos tornados músicos por excelência, mas já houve uma evolução!

Quanto tempo vocês demoraram para produzir?

Lançamos o primeiro disco em 2006, já no meio deste mesmo ano tínhamos músicas novas para um segundo disco. Uma banda igual a nossa não para, são cinco doentes “compondo” sem parar. Pensando assim foram uns dois anos da idéia concebida até a sua execução!

Já que é um CD que vai ser lançado por um selo, vocês vão ter alguma música de trabalho para divulgar a banda?

Mesmo sendo lançado por um selo, creio que a parte de “divulgação” fica por nossa conta, pois o selo é também um meio independente, então acho que falar música de trabalho é um tanto quanto exagero, é lógico que existem aquelas que ficam mais na cabeça, por exemplo: “Padre Quevedo não vai pro Céu” e “Acho que ela gostaria...”.

No primeiro disco, a distribuição era feita por vocês mesmos, em shows. E agora? Como vai funcionar a distribuição?

Continuaremos fazendo esse trabalho de “guerrilha”. Os discos serão vendidos na nossa mão mesmo, nos shows, no site www.familiapalim.com.br ou pelo orkut e myspace. Ah, ele custará creio que R$ 10.

Além da produção do disco, quais as outras vantagens de uma banda assinar com um selo musical?

Acho que uma das vantagens, principalmente, para uma banda de uma cidade pequena do interior do Paraná, onde as leis públicas de incentivo a cultura não existem, é o contato com os grandes centros, no nosso caso específico com São Paulo! Lançando um CD por um selo paulista, é lógico que as possibilidades da banda fazer shows em São Paulo aumentam demais!

*Fotos por Jorge Mariano


E o que é um selo musical, afinal?

Os selos não são gravadoras propriamente ditas, pois não possuem estrutura completa de contratação, gravação, divulgação e comercialização de artistas no mercado, e geralmente recorrem a outras gravadoras para realizar esse trabalho. Normalmente possuem uma pequena equipe de trabalho, pequeno cast de artistas e dependem de outras empresas fonográficas para gravar, divulgar, comercializar e distribuir.


quinta-feira, 14 de agosto de 2008

Bazar Pamplona e a música que ninguém nunca escutou... Até agora!

"À espera das nuvens carregadas!". Foi assim que muitas pessoas saíram de suas casas no último sábado, para ver ao vivo uma banda de São Paulo que foi a Maringá se apresentar numa noite que provavelmente iria chover. Na fila que assolava a porta do "Tribo's Bar", um misto de emoção e uma ansiedade tremenda do público que já esperava há mais de um ano o retorno dos quatros meninos aos palcos paranaenses.

Foi depois do show da "Sexta Geração da Família Palim do Norte da Turquia" e antes da banda gaúcha "Apanhador Só" (que logo, logo o leitor verá por aqui), lá pela uma hora da madrugada, que em meio a cornetas, trombetas, megafones, flautas, guitarras, contrabaixos, bateria e palmas, mas muitas palmas, que a tal "Bazar Pamplona" começou a tocar. Exato, caro leitor, o nome da banda é "Bazar Pamplona"!

Show do Bazar Pamplona, no último dia 9, em Maringá, causou ansiedade no público que esperava há mais de um ano ver a banda ao vivo (foto por Jorge "Maravilha" Mariano, que está de aniversário hoje)


E por quê esse nome? Bem, isso o vocalista e guitarrista, Estêvão (sim, com dois acentos no nome) explica: "Então, ninguém sabe ao certo de onde vem 'Bazar Pamplona'. Existem várias versões. A que eu sei é que estávamos atrás de um nome, e uma amiga nossa queria de qualquer jeito ser homenageada. Ela sugeriu 'A Banda da Paloma'. Além de ridículo, achamos que ela não merecia homenagem alguma. Mas aí partimos da sugestão dela e fomos fazendo modificações no nome até chegar em 'Bazar Pamplona', que é o oficial da banda hoje. Mas pode mudar a qualquer momento", brinca.

Juntamente com João Victor (guitarra), Rodrigo Caldas (bateria) e Rafael Capanema (baixo), Estêvão e sua trupe, leva ao público apresentações performáticas, com direito a brinquedos de plástico, cartazes com letra de música (para a galera desavisada saber cantar) e bolinhas de papel para arremessar no baterista no final do show.

A banda existe desde 2005, quando quatro moradores de uma república de estudantes se reuniram 'para fazer um som'. Algumas influências são bem explícitas nas composições, como "Beatles" e o movimento da "Tropicália". Saiba que o "Bazar Pamplona", é essencialmente independente. Isso porque, muitas vezes, quando escrevem uma letra, imediatamente a gravam de uma maneira, digamos bem artesanal: no microfone do computador. Agora a banda acaba de lançar "À Espera das Nuvens Carregadas", seu primeiro álbum, produzido por João Erbetta (do grupo "Los Pirata") e lançado pela Monga Records, selo de Paco Garcia (também do grupo "Los Pirata"). O álbum é composto por um punhado de músicas que a banda já tocava em shows e disponibilizava em sites (e que já estavam na boca da moçada) além de algumas músicas inéditas. O CD, que custa em torno de R$ 20, já está à venda em alguns sites como o da Livraria Saraiva e o da Livraria Cultura. Mas para o leitor, ouvinte de primeira viagem dos bazares, vale dar uma olhada no site da banda para conferir o trabalho dos garotos. Uma boa dica, para quem nunca ouviu, é a música "Céu de Cinema Americano".


A galera desavisada conta com a ajuda de Estêvão, que mostra cartazes com a letra da música “Karen Cunha”, pra que todo mundo possa cantar junto



Foto Bônus
(mais uma do seo Jorge Mariano)

Quem abriu as apresentações no último sábado, foi A Sexta Geração da Família Palim do Norte da Turquia que encerrou seu show com a performance estupenda de Hassen Palim que se revelou um grande bailarino naquela noite! (desculpe Hassen, o mundo tem de saber desse seu dom)

sexta-feira, 8 de agosto de 2008

Mortos Assombram a Pequena Antares.


As famílias Campolargo e Vacariano lutam pelo domínio da pequena cidade de Antares, no Rio Grande do Sul, desde que foi fundada no quase imemorial passado dos pampas. Mas a situação política e social do Brasil inspiraram a classe operária a se rebelar contra a Burguesia local e declarar uma greve geral.

Para o azar de sete moradores da cidade: Quitéria Campolargo, a matriarca da cidade; Barcelona, o sapateiro anarquista; Cícero Branco, o poderoso advogado; João da Paz, jovem pacifista que foi torturado; o bêbado Pudim de Cachaça; o pianista suicida Menandro Olinda e a prostituta Erotildes, todos falecidos no mesmo dia, os coveiros da cidade também estão em greve e se aproveitam dos mortos insepultos para pressionar ainda mais os “donos da cidade”.

Apesar do desconforto, tudo correria normalmente se os sete mortos não resolvessem se levantar de seus caixões, deixados no portão do cemitério, e voltar à cidade para exigir um enterro descente e o descanso eterno. Aproveitando-se da liberdade que a morte lhes deu, se vingam dos desafetos e usam o coreto da cidade para revelar os podres dos cidadãos de Antares, de fatos políticos à aventuras sexuais e traições.

Mas não se assustem! Esta história aconteceu em 1963, na fictícia cidade e Antares, local escolhido por Erico Veríssimo, para ser o cenário de seu livro “Incidente em Antares”, que também já foi Mini-Série da Rede Globo. Vamos conhecer mais sobre este respeitadíssimo escritor brasileiro e sua obra.

Erico Lopes Veríssimo, considerado um dos maiores romancistas do país, é pai do Luis Fernando Veríssimo, também famoso escritor brasileiro. Ele nasceu em Cruz Alta, interior do Rio Grande do Sul, em 17 de dezembro de 1905. Durante a juventude Erico trabalhou em vários empregos diferentes até que em 1930 começa a publicar seus textos. Daí pra frente se dedica cada vez mais à literatura. De livros infantis à traduções de clássicos da literatura para o português, passando por coletâneas de contos seus até ensinar literatura brasileira em Universidades Norte-Americanas, Erico sempre se mostrou apaixonado por seu trabalho.

O Magnânimo Érico enquanto criava.

Em 1949 publica o primeiro volume da trilogia “O Tempo e o Vento”, um marco em sua carreira, considerado sua obra-prima. É uma trilogia com mais de 2.200 páginas, que consumiu quinze anos de trabalho. Esse ‘Senhor dos Anéis dos pampas’ conta a história do estado do Rio Grande do Sul de 1680 a 1945 (fim do Estado Novo), através da saga das famílias Terra e Cambará. É considerada a obra mais importante sobre o estado gaúcho e é dividida em três tomos: O Continente (1949), O Retrato (1951) e O Arquipélago (1962). Continuou produzindo muito e ganhando muitos prêmios nacionais e internacionais, mas em 28 de novembro de 1975, o escritor falece subitamente, deixando inacabada a segunda parte do segundo volume de suas memórias, além de esboços de um romance que se chamaria “A Hora do Sétimo Anjo”.

Incidente em Antares, publicado em 1971, foi o ultimo romance de Erico. Influenciado pelo ambiente criado pela ditadura que marcava o Brasil de Vargas, propõe uma crítica ao regime totalitário que valoriza a instituição em detrimento do homem. É sem dúvida um romance político, que narra a disputa pelo poder e critica a sociedade e seus conceitos de honra e exploração econômica.

Capa antiga do Incidente em Antares.
Essa você acha na biblioteca do Colégio!


O livro é dividido em duas partes. A primeira conta a história da fictícia cidade de Antares, desde os seus primeiros registros, quando ainda era apenas uma propriedade rural na margem esquerda do Rio Uruguai. A grande sacada desta parte do livro é a forma que o autor casa perfeitamente a evolução do “Povinho da Caveira” - que se tornará Antares - com a história real do Brasil e dos pampas, incluindo a presença de grandes autoridades políticas do pais na cidade. Aspectos geográficos, sócio-políticos, costumes e curiosidades, tudo está lá, o autor consegue trazer a fictícia Antares para a realidade de uma forma mágica.

A segunda parte do livro se chama “O Incidente” e conta a incrível história que começou naquele dia 13 de dezembro de 1963, que contei no começo desta matéria. É sem dúvida alguma um livro delicioso.

Para quem quiser algo mais, veja esse resumão do livro, mas eu recomendo firmemente a leitura da íntegra. Existe uma edição de vinte e poucos Reais, da Companhia da Letras e, pasmem, já vi até aqui na Livraria Paraná, de Umuarama!

Capa da edição da "Companhia de Bolso".
Qualidade Companhia das Letras e bom para seu bolso.


Cena da Mini-série Global.

Link para mais algumas cenas da mini-série.