No dia 05 de Abril deste ano de 2008, completaram 14 anos da morte de Kurt Cobain, certamente o artista mais revolucionário e controverso dos anos 90. Em 1994, ano de sua morte, ele estava com os perigosos 27 anos de idade, hoje seria um senhor rebelde – ou não – de 41. O fato é que Kurt será sempre lembrado como o jovem maluco que conseguiu seu espaço no grito, literalmente (triste ou raivoso), foi o cara que liderou o Nirvana e colocou o rock nos trilhos novamente depois de tanta purpurina e vídeo clip nos anos 80. Até hoje tudo o que leva seu nome provoca um comichão de curiosidade: será que ainda há algo a se saber sobre ele? Não, não há.
A curta vida de Kurt Cobain é assunto esgotado e é essa ausência de novidade o que se nota no documentário “Kurt Cobain About a Son - O Retrato de Uma Ausência”, lançado em fevereiro de 2007, dirigido por A. J. Schnack. A base do documentário foi uma série de entrevistas realizadas entre 1992 e 1993, em áudio, pelo músico e jornalista Michael Azerrad, que somaram um total de 25 horas de bate papo, devidamente reduzidas à 96 minutos.
A maioria das entrevistas foram realizadas durante as madrugadas, na casa de Cobain em Seatle e mostram um artista cansado da fama, do assédio da mídia e de como as pessoas criam expectativas idiotas sobre seus ídolos, o que por sua vez alimenta a indústria repugnante do mexerico e da fofoca.
Cobain não adiciona nada de novo à sua biografia ou à imagem que carregamos dele em nossas mentes (e corações), talvez esta não era mesmo a intenção dos produtores do documentário, espero eu. O pai ausente, a mãe alcoólatra, a tia carinhosa, os amigos legais e os chatos, as drogas, as festas, a miséria, os dias e noites de mendigo nas ruas, o sucesso, o dinheiro e o aconchego de um lar e uma família no final, está tudo lá. Poderia ser a história de qualquer artista duro-na-queda do primeiro mundo, mas ele não foi qualquer um e está aí a diferença. Além do mais é interessante ouvir as histórias de sempre, contadas desta vez por seu protagonista, com suas observações e pontos de vista, sem o sensacionalismo e pedantismo da imprensa.
Percebemos um Cobain bastante lúcido, mas não menos melancólico. Uma pessoa preocupada com a imagem que passa aos outros e sua possível saída do mundo das drogas, pois agora tinha uma família a zelar e não iria cometer o mesmo pecado que seus pais cometeram com ele. Não queria que sua filha Frances tivesse uma cabeça perturbada como a dele. Em sua fala Cobain deixa claro a magnitude do trauma do divórcio de seus pais. O que dolorosamente impressiona são as inúmeras vezes nas quais ele menciona uma vontade incontrolável de estourar seus miolos em diversas fases de sua vida.
Os motivos reais de seu suicídio, naquele fatídico início de Abril, com um tiro de espingarda na cabeça, jamais serão conhecidos, mas o depoimento de Kurt nos permite sentir que ele preferiu morrer à cometer o mesmo erro que seus pais. Uma família sólida e feliz era algo muito importante para ele, e o risco dele – ou de sua fama - destruir tudo era muito grande.
Talvez a grande atração de “Kurt Cobain About a Son” seja mesmo o visual. Do Nirvana e de Kurt Cobain temos muito poucas imagens, mas podemos finalmente passear pelas tão imaginadas ruas de Aberdeen, Olympia e Seatle, sentir a textura cinza e úmida, o frio e o tédio de se viver em lugares como aquele. Uma trilha sonora deveras interessante, com canções de bandas admiradas por Kurt e que influenciaram seu som e modo de vida. As imagens do cotidiano com moradores locais nos fazem pensar no que Kurt Cobain já foi um dia: mais um na multidão entediada e triste de uma cidade moquifenta, com o sonho de ser algo mais do que um túmulo esquecido no fim dos tempos, no fim do mundo. Que bom que ele conseguiu o que queria, seremos sempre gratos.
Download de "Kurt Cobain About A Son" no site Makingoff.org.
3 comentários:
Essa mexeu a ferida de verdade, hem, Lupus?
Hehehehe.
Já está na lista dos arquivos sendo descarregados, como já deve esperar d'um tamanho fã do Sr. Cobain.
Belíssima postagem,
Paz, amor, empatia
Bruno.
Po, Lobão...que texto bom kra! mto bem escrito! leva jeito pra coisa hein!hauahuaa...vc tornou uma coisa aparentemente sem novidade interessante e atrativa...cuidado pra não ameaçar meu emprego! hauahuahua...parabéns kra...sucesso! abração..
Edemilson Jr.
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